Região Balneário / Itajaí

O possível fenômeno Marçal em Santa Catarina

Eleitor menos ideológico, o cenário em Navegantes, entre outros destaques

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O possível fenômeno Marçal em Santa Catarina
Foto: Rodilei Moraes / Estadão

É preciso estar atento a um novo fenômeno político que está surgindo: Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo. Mesmo sem ter a mínima noção de gestão pública – o que tem ficado evidente nos debates –, tendo um passado duvidoso, fazendo uso de cortes descontextualizados na internet e sem conseguir dizer como cumprirá promessas como zerar a fila da saúde da capital paulistana em poucos meses, ainda assim, Marçal mostra uma sofisticada estratégia de comunicação e tem conseguido encantar uma boa parcela da direita, ao ponto de iniciar uma cisão no bolsonarismo.

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Isso já pode ser sentido aqui no estado nas redes sociais, com o compartilhamento diário de vídeos de Marçal. Se não houver provas de que ele tem ligação com grupos criminosos e nem qualquer outro fato que impeça sua candidatura, Marçal tem grande chance de vencer em São Paulo. Nesse caso, veremos a direita dividida entre o bolsonarismo e os seguidores de Marçal.

Ainda que seja um movimento muito incipiente, que podemos chamar de “neoextremismo”, se ele se eleger, levará muitos bolsonaristas a migrarem para seu projeto. Ele será visto por uma parte da extrema-direita como o novo Messias, já que Jair Bolsonaro (PL) está inelegível. Isso terá implicações até aqui no estado, onde boa parte da direita tem falado mais da eleição de São Paulo do que da que ocorre aqui.

Assim, a tentativa de monopólio da direita via bolsonarismo em Santa Catarina tem tudo para perder força, pois serão dois caminhos na mesma direção, a direita, mas com líderes disputando o comando do espaço. E isso ocorrerá não com Pablo Marçal à distância. Isso acontecerá com a adesão de lideranças catarinenses a esse movimento, tornando-se representantes de Marçal por aqui. Mas isso não se aplica às eleições municipais. O foco, neste caso, é para 2026.

Para refletir

O Brasil precisa fazer uma séria avaliação sobre o que tem ocorrido no cenário político. É claro que tem que haver renovação, sem esquecer dos mais experientes que já deram, e continuam dando, uma grande contribuição à política.

Agora, estratégias de comunicação têm tornado influencers, sem a mínima intimidade com a política e sem qualquer noção de gestão pública – que é muito diferente de administrar um negócio privado – em candidatos fortes e até mesmo em eleitos. Fico imaginando: se seguirmos nessa toada, que tipo de políticos e gestores teremos no futuro?

Será que o Brasil precisa de falsos heróis que vão para as redes sociais mentir ou, quando falam a verdade, não passam do óbvio, com conteúdos bem abaixo da média? Mas que são ovacionados como grandes heróis? O Brasil é carente de heróis, sempre foi. Mas cuidado, para não nos tornarmos no futuro um país carente de políticos de verdade.

Os números

A pesquisa da NSC em Florianópolis aponta que 35% dos entrevistados afirmam ter um posicionamento político mais à direita, 29% mais à esquerda e 32% não têm posicionamento. A maior parte preferiu não se vincular ao presidente Lula (PT) e nem ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ainda, 21% dos que se disseram de direita afirmaram não ser bolsonaristas, enquanto 14% se consideram bolsonaristas. Já na esquerda, 19% disseram não ser lulistas, enquanto 10% se consideram lulistas ou petistas. Claro que cada região tem sua característica, mas a eleição de 2022 é um bom cenário para perceber o que acontece no estado.

A recusa de Bolsonaro

O ex-prefeito de São Francisco do Sul, Renato Lobo (PL), esteve em Brasília para gravar um vídeo com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Candidato, mais uma vez, a prefeito da cidade portuária, Lobo não teve êxito.

Bolsonaro recebeu vídeos em que o ex-prefeito faz duras críticas a ele durante a pandemia. O caso é semelhante ao da ex-prefeita de São José, Adeliana Dal Pont (PL), que tenta voltar à prefeitura.

Segurança nas escolas

O senador Beto Martins (PL) propôs um novo projeto de lei que busca reforçar a segurança nas instituições de ensino público e privado de educação básica em todo o país. A proposta prevê a obrigatoriedade de treinamentos regulares voltados para a prevenção e resposta a ataques violentos, abrangendo estudantes, professores e demais funcionários das escolas.

A proposta estabelece que os treinamentos sejam adaptados para as diferentes faixas etárias dos alunos e abordem temas como a importância da cultura de paz e mediação de conflitos, estratégias de comunicação em situações de emergência, reconhecimento de sinais de alerta e comportamentos suspeitos, além de protocolos de ação durante ataques, como procedimentos de evacuação e abrigos seguros.

Apoio de Boff

O candidato a prefeito de Florianópolis, Marcos Abreu, o Marquito (PSOL), recebeu a visita e apoio do teólogo, escritor e filósofo Leonardo Boff. Ambos já se conhecem há um bom tempo e têm em comum pautas como a defesa do meio ambiente e da agroecologia.

No encontro recente, gravaram o quadro “Café com Marquito”, que será uma das peças da campanha eleitoral. Em tempos de evidentes mudanças climáticas, o escritor destacou a importância de a cidade eleger um gestor com verdadeiras preocupações com as questões ambientais e climáticas.

Atrapalhou

Algumas postagens do PSOL na eleição de Florianópolis têm gerado críticas internas. Um chamado coletivo do partido fez um card para as redes sociais colocando a queda de seu próprio candidato na pesquisa da NSC, em relação a outro levantamento.

Na mesma postagem, aparece junto o aumento de Dário Berger (PSDB). Uma liderança do partido me disse que o normal é colocar candidato A, B e C para não fazer propaganda a adversários, o que não foi feito na postagem, que chegou a ser apagada e depois repostada.

Além disso, o outro candidato da esquerda, o petista Lela, que tem tendência a subir nas pesquisas com a participação do presidente Lula (PT) em seus comerciais de rádio e TV, foi ignorado.

Navegantes

As intervenções no PL de Navegantes parecem ter surtido um resultado negativo para o partido. A candidatura do empresário Rogério da Equilíbrios não decolou, e as contestações começam a ser ouvidas no partido.

Além de não ter experiência na política, Rogério também é visto como alguém que estava morando fora – no caso, em Balneário Camboriú – e que há pouco tempo retornou para a cidade. Além disso, a união pragmática com antigos adversários também não foi bem aceita.

Quem tem levado vantagem com isso é o prefeito Libardoni Fronza (PSD), que já entrou no pleito como favorito.

Eduardo em Blumenau

O deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro (PL), visitou Blumenau na noite de ontem. Acompanhado da deputada federal Júlia Zanatta (PL), o filho 03 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gravou um vídeo em apoio ao candidato a prefeito, Egídio Ferrari (PL).

Com a visita de Eduardo, é possível que Bolsonaro não inclua Blumenau em seu roteiro aqui no estado. A candidata a vice, Maria Regina Soar (PSDB), também acompanhou o encontro.

Direito

A OAB nacional vai recorrer da decisão do STF que manteve os dispositivos da lei que permitem que a primeira audiência judicial para tratar de pensão alimentícia dispense a presença de advogado, sob o argumento de dar celeridade processual em casos de menor complexidade.

A entidade também vai apresentar um projeto de lei ao Congresso Nacional para assegurar a indispensabilidade da advocacia. O vice-presidente nacional, Rafael Horn, aponta que a decisão do STF descumpre o art. 133 da Constituição Federal e coloca em risco o direito ao sustento de menores e de famílias vulneráveis e carentes.

Detran

O presidente do Detran, Kennedy Nunes, fez um esclarecimento à população sobre a atuação do Detran. Confira:

Condenado

O ex-deputado federal João Pizzolatti (Progressistas) foi condenado ontem, em primeira instância, por ter provocado um grave acidente por estar embriagado. A condenação é de 4 anos e 8 meses de reclusão por tentativa de homicídio qualificado e a 6 meses por embriaguez ao volante.

Pizzolatti terá que pagar R$ 1,7 milhão à vítima do acidente e perdeu o direito de dirigir pelo período de dois meses. Cabe recurso.

Marcelo Lula é jornalista e radialista. Atuou em emissoras de rádio e jornais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Atualmente, faz comentários na Condá FM de Chapecó e na Rede Guararema de Rádios.

O jornalista tem se destacado por furos de fatos de grande repercussão em Santa Catarina, além de matérias investigativas e revelações dos bastidores de importantes investigações e da política.

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