Região Grande Florianópolis

Teatro, contação de histórias e palhaçaria conectam estudantes à cultura

Sussurros estreia segunda (2) em Florianópolis

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Teatro, contação de histórias e palhaçaria conectam estudantes à cultura
Fotos: Wally Moraes / divulgação

O projeto de contação de histórias “Sussurros”, conduzido pela atriz catarinense Débora de Matos (palhaça Esmeralda), vai promover dez apresentações de teatro em Centros de Educação de Jovens e Adultos (CEJAs) de seis cidades em Santa Catarina. A estreia ocorre nesta segunda-feira (2), em Florianópolis, e passará por cinco regiões da Ilha até o dia 9: Norte, Sul, Leste, Centro e Continente.

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Além disso, as apresentações serão todas gratuitas e buscam preservar a oralidade e os saberes tradicionais a partir da coleta de memórias, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo e socioemocional do público. Sobretudo, dando continuidade à pesquisa “Contos e Encantos de uma Ilha de Magia” que a artista desenvolve desde 2020 junto às comunidades da Grande Florianópolis, “Sussurros” resgata narrativas e memórias da Ilha e seus arredores.

“Nasci na Ilha de Santa Catarina em 1980 e, por isso, vivi de modo intenso a presença de lendas e personagens que me permitiram uma infância regada pela magia e pelo fantástico de nossas culturas e tradições. Contudo, cada conto era enriquecido por detalhes de uma narrativa viva, que mais se parecia com confissões e memórias do que com histórias institucionalizadas. Essas experiências me levaram a navegar pelos modos de vida de nossos antepassados”, diz Débora de Matos.

Além disso, é com esse imaginário de encantamento que, na peça, Débora vive a palhaça Esmeralda, uma guardiã de sussurros. Ela percorre caminhos coletando histórias da mata, do povo de areia e de seus seres de proteção. “São sussurros que se iluminam pelos mistérios da vida e que mantém acesa as histórias, memórias e invenções,” explica ela.

Débora de Matos é natural de Florianópolis. Foto: Wally Moraes / divulgação

Diferentes interações

Do mesmo modo, a participação do público tornará cada apresentação única. Ao final, haverá uma roda de conversa com estudantes e professores. Além disso, as instituições ganharão um material didático e autoral, elaborado pelo professor da rede pública Charles Raimundo, doutor em Antropologia pela UFSC.

Segundo ele, o conteúdo estimula docentes a promoverem atividades que dialoguem com a obra em diferentes abordagens e desdobramentos. Isso tanto do campo artístico quanto da temática encenada.

“Trata-se, contudo, de uma contação de história com narrativas peculiares que valorizam o respeito às pessoas mais antigas, o cuidado com a natureza, o olhar afetuoso com o outro e a importância de manter acesas as memórias da Ilha”, conta Débora. Para acompanhar o projeto, basta se inscrever no canal do YouTube Encantaria.

O riso em diversos territórios

A atriz começou a investigar a palhaçaria em 2001, em diferentes espaços, como praças, teatros, aldeias indígenas, áreas de retomada de terra, campos de refugiados, hospitais, entre outros. “Uma das principais técnicas que utilizo como suporte para a elaboração da contação de história é a palhaçaria e, com isso, eu me debruço no conceito do riso a serviço de uma necessidade social, política ou cultural”.

Segundo ela, tanto a alegria quanto as histórias contadas têm capacidade para renovar dinâmicas do dia a dia, ressignificando espaços de afeto e relações, além de promoverem a valorização de sonhos, a expansão de si e a ampliação da potência de ação no mundo. “Por compreender isso, profissionais da educação chamam artistas para ações em escolas, a fim de oportunizar aos estudantes uma experiência transformadora no ambiente de ensino”.

Encantos da Ilha

O projeto “Contos e Encantos de uma Ilha de Magia” também deu origem, em 2020, à contação de história “Ilha de Encantaria”, que partilha narrativas antigas. A abordagem lúdica universaliza a obra, construindo um imaginário de uma ilha que flutua no tempo e no espaço. A obra já foi apresentada em instituições públicas de ensino e eventos culturais. Integrou o projeto Baú de Histórias do SESC/SC, em 2023, e já circulou por mais de 16 cidades catarinenses.

Já em 2022, Débora lançou “Histórias de Encantaria”, um vídeo de entrevistas documentadas com quatro mulheres curandeiras e benzedeiras locais, ligadas à cultura açoriana, negra e indígena, mergulhadas em diferentes narrativas que constroem a história de Florianópolis e cidades do entorno.

Pelo Estado

São Francisco do Sul, Penha, Lages, Campos Novos e Laguna também receberão os encantos dessa lúdica ação, com classificação livre. Depois dessa etapa, a obra segue no repertório da artista, circulando por diferentes cidades e ampliando ainda mais a abrangência e locais de apresentação.

A Proposta Cultural é realizada com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), por meio do Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura – Edição 2023. O agendamento junto às escolas contou com o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis (SME) e da Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina (SDE).

Serviço:

O quê – “Sussurros”, Contação de história e palhaçaria, com Débora de Matos.

Data e locais em Florianópolis:

02/09 – Núcleo EJA Centro II – Centro de Educação Continuada (19h30);

03/09 – Núcleo EJA Sul II – Polo Morro das Pedras (19h40);

04/09 – Núcleo EJA Continente II – Polo CEDEP Monte Cristo (19h30);

09/09 – Núcleo EJA Centro III – Polo Saco Grande (19h30);

17/09 – Núcleo EJA Norte I – Herondina (20h30).

Datas e locais nas demais cidades de Santa Catarina:

10/09 – EJA São Francisco do Sul – EBM Waldemar da Costa (19h10);

11/09 – CEJA de Penha – EEB Manoel Henrique de Assis (19h00);

12/09 – CEJA de Lages (19h00);

13/09 – CEJA Campos Novos – Quilombo Invernada dos Negros (19h30);

16/09 – CEJA Laguna (19h30).

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