Nove dias após ter sido reeleito nas urnas, o prefeito José Claudio Gonçalves (PSD), de Forquilhinha, no Sul de Santa Catarina, se afastou do cargo nesta terça-feira (15) por solicitação da Justiça. O afastamento faz parte da terceira fase da chamada Operação Maktub, da Polícia Civil.
Outros três servidores municipais foram afastados junto com o prefeito e um empresário foi preso. José Claudio, conhecido como “Neguinho”, está no centro das investigações, que apuram indícios de fraudes em pelo menos uma licitação promovida pela Prefeitura.
O processo buscou contratar uma empresa terceirizada para fabricar e instalar uma estrutura metálica sobre um ginásio poliesportivo, que fica no bairro Santa Líbera. A investigação apurou que ocorreram diversas alterações no projeto da obra, com aditivos e custos adicionais que lesaram o município.
Além dos afastamentos e da prisão, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão. Além disso, cerca de R$1,7 milhão em bens foram apreendidos ou confiscados.
Operação Maktub
A operação Maktub conta com o apoio da Coordenadoria de Combate à Corrupção e da Delegacia de Investigação Criminal (DEIC). Além disso, contou com o trabalho de diversas outras divisões da polícia em Santa Catarina e também no no Rio Grande do Sul.
A investigação começou em fevereiro, na primeira fase da Operação Maktub, que já apontava desvios em contratos públicos em Forquilhinha. Entre as principais descobertas, foi revelado que a empresa contratada para a construção do ginásio recebeu valores exorbitantes para a execução de serviços que não foram devidamente concluídos.
“Apurou-se indícios de fraude à licitação na Concorrência Pública destinada à construção do ginásio, com manipulação de datas e pressões indevidas para a aprovação de notas fiscais e boletins de medição, mesmo sem a conclusão dos serviços”, diz o relatório policial.
Outro ponto crucial da investigação é a suspeita de que a prefeitura teria fraudado documentos para pagar parte da construção de um memorial em homenagem à Zilda Arns, médica missionária nascida em Forquilhinha e que morreu vítima de um terremoto no Haiti, em 2010. A obra custou R$ 200 mil, mas teve parte do valor supostamente desviado para a construção do ginásio.
Segundo a nota da polícia, “constatou-se que a administração municipal fraudou documentos para pagar parte de uma obra destinada à construção de um memorial à Dra. Zilda Arns.”
José Claudio se manifestou após seu afastamento. “Vou esperar, ver o que está acontecendo. Deixa eu ver a notícia do que aconteceu, mas eu estou muito tranquilo, muito tranquilo mesmo. Em breve, em breve eu estarei de volta, tá? Muito mais cedo do que muitas pessoas imaginam”, declarou.