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O que provocou queda do avião do ex-diretor da Odebrecht em SC

Empresário Antônio Augusto Castro e o piloto Geraldo Claudio de Assis Lima morreram

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O que provocou queda do avião do ex-diretor da Odebrecht em SC
Fotos: Divulgação / Polícia Científica SC

Três meses depois da queda do avião bimotor do ex-diretor da Odebrecht em Santa Catarina, a Polícia Científica (PCI) finalizou o laudo pericial sobre o acidente, ocorrido em 4 de junho de 2024, entre Garuva e Itapoá. O piloto Geraldo Claudio de Assis Lima e o empresário Antônio Augusto Castro partiram de Governador Valadares, no interior de Minas Gerais, com destino a Florianópolis, mas a viagem foi abreviada no caminho.

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A conclusão aponta que a provável causa foi uma combinação de condições meteorológicas adversas, perda de contato visual durante a aproximação e colisão com um obstáculo. Conforme as análises da PCI, a aeronave estava tecnicamente apta e o piloto qualificado, mas as condições meteorológicas foram um fator decisivo.

As evidências indicam que a aeronave estava em trajetória de voo com potência no momento do impacto, sem indícios de intenção de pouso imediato. O laudo pericial foi encaminhado ao delegado responsável pela conclusão do inquérito policial.

O documento esclarece aspectos legais e eventuais responsabilidades, diferenciando-se do trabalho realizado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), que foca na prevenção de novos acidentes.

O laudo analisa o acidente investigando as condições de manutenção da aeronave, a qualificação do piloto e as comunicações com órgãos de controle, oferecendo subsídios para outras instituições e contribuindo para a segurança pública e jurídica.

Exames minuciosos

A elaboração do laudo sobre o acidente da aeronave Beechcraft 95-B55 envolveu exames minuciosos, visando esclarecer as circunstâncias do ocorrido. O processo para a realização dessa perícia abrangeu diversas etapas técnicas, fundamentais para a compreensão dos fatores que culminaram no acidente.

Primeiramente, foram avaliadas as condições de manutenção da aeronave, incluindo uma análise detalhada dos registros de cadernetas de célula, motor e hélices, bem como do histórico de inspeções e reparos. Esses registros foram verificados em relação às regulamentações vigentes, assegurando conformidade com os prazos de manutenção.

As qualificações do piloto foram também examinadas minuciosamente, incluindo a análise das licenças, treinamentos e experiência recente em voos similares, de modo a garantir que o piloto estivesse apto a operar a aeronave em condições de voo por instrumentos (IFR) e visuais (VFR). Realizou-se, ainda, uma revisão abrangente dos voos efetuados pela aeronave no dia do acidente, com foco na identificação de potenciais falhas técnicas ou problemas relatados pela tripulação.

A análise das condições meteorológicas durante o voo, embasada em dados de METARs e informações de órgãos de controle aéreo, permitiu entender os fatores climáticos, como cobertura de nuvens e intensidade do vento.

Comunicação sob análise

A comunicação entre o piloto e os órgãos de controle de tráfego aéreo foi também examinada, com o objetivo de verificar a continuidade das comunicações e a aderência às instruções dos controladores. A análise incluiu dados da plataforma FlightRadar, que permitiram rastrear a trajetória da aeronave, analisando altitude, velocidade e direção até o momento em que os dados foram interrompidos.

Adicionalmente, o laudo contemplou uma avaliação do local de impacto, identificando características do terreno e dos destroços. As observações sobre a profundidade dos componentes da aeronave em relação ao solo e a inclinação do terreno foram cruciais para entender a dinâmica do impacto e as condições do voo nos momentos finais.

O objetivo final do laudo foi fornecer uma análise técnica abrangente que auxilie as autoridades competentes na apuração de responsabilidades e na adoção de medidas judiciais apropriadas.

Para o perito criminal Dionatan Machado, responsável pelos exames periciais, “a importância deste laudo reside em fornecer uma base técnica sólida que contribua para a compreensão dos fatores que levaram ao acidente, ajudando as autoridades a tomar decisões com base em informações precisas e a apurar responsabilidade”.

Relembre a queda do avião

Os destroços da aeronave foram encontrados na manhã do dia 4 de junho, numa área de difícil acesso na região chamada de Barrancos. De acordo com a Aeronáutica, o piloto fez contato por volta das 18h e tentou pousar em Joinville, mas em seguida desapareceu.

Para chegar no local do acidente, os bombeiros precisaram abrir uma trilha pela mata, a partir da rodovia SC-416. Em seguida, após localizarem os destroços da aeronave, confirmaram que os dois corpos permaneciam entre as ferragens, no que restou da cabine.

Confira um vídeo que mostra parte do trabalho dos bombeiros:

Foi preciso usar equipamentos hidráulicos para cortar parte da carenagem e retirar as duas vítimas. Os corpos foram encaminhados para a Superintendência Regional de Polícia Científica em Joinville.

Quem eram as vítimas

Antônio Augusto era empresário do ramo imobiliário, ex-diretor da Odebrecht e estava indo a Florianópolis acompanhar o andamento de uma obra. Conhecido como ‘Guto’, se apresentava nas redes sociais como sócio-diretor de uma construtora localizada no bairro Lagoa Santa, em Governador Valadares. Ele havia adquirido a aeronave há poucos dias.

Identificadas as duas vítimas que morreram na queda de avião em SC
À esquerda, o piloto Geraldo Cláudio de Assis Lima, e à direita, Antônio Augusto Castro. Fotos: Reprodução