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Polícia apreende menor que incitava suicídio de crianças e adolescentes

Brasil é o segundo no ranking de cyberbullying no mundo

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Polícia apreende menor que incitava suicídio de crianças e adolescentes
Foto: Divulgação / Polícia Civil

A Polícia Civil de Santa Catarina deflagrou nesta sexta-feira (80 uma operação de grande importância para o combate ao cyberbullying, que é um tipo de bullying na internet, cometido por meio redes sociais, apps de mensagens ou grupos online. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de internação provisória de um adolescente envolvido com a prática, em Penha, no litoral do estado.

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O menor integrava um grupo virtual que promovia incitações à automutilação e ao suicídio entre adolescentes e crianças. Tragicamente, algumas vítimas eram coagidas a realizar atos humilhantes diante de uma audiência online.

A operação envolveu as delegacias de repressão a crimes de informática (DRCI) e de Proteção dos Direitos das Mulheres (DPDM), da Diretoria Estadual de Investigação Criminal (DEIC), o Laboratório de Inteligência Cibernética (CIBERLAB/SC), o Laboratório de Inteligência Cibernética do Ministério da Justiça (CIBERLAB/MJ) e da Polícia Civil do Espírito Santo, com apoio da Polícia Científica (PCI).

“É de extrema importância ressaltar que o cyberbullying está se tornando cada vez mais comum em diversas plataformas de mídia social. Diante desse cenário preocupante, as autoridades enfatizam a necessidade de os pais e responsáveis estarem atentos ao comportamento de seus filhos e aos conteúdos acessados na internet”, alertou a Polícia Civil.

Saiba mais sobre o cyberbullying

O cyberbullying foi alçado à categoria de crime no Código Penal, por meio da Lei Nº 14.811, promulgada em janeiro de 2024. Essa medida legislativa reconhece a gravidade das condutas relativas à violência
psicológica e estabelece penalidades severas aos infratores.

A palavra cyberbullying consiste na junção de duas palavras da língua inglesa, bullying e cyber. Cyber é uma contração da palavra cybernetic (cibernético), que se refere, na Teoria da Comunicação, àquilo que está ligado à rede de informação e comunicação, mais precisamente, ao âmbito da internet.

Já a palavra bullying é formada a partir da palavra inglesa bully, que significa valentão, acrescida do sufixo “ing”, que indica continuidade da ação exposta em um verbo. O bullying é uma forma de agressão física, verbal e psicológica que se mostra sistemática e contínua, fazendo com que um indivíduo ou um grupo ataque sistematicamente uma vítima com base em sua aparência ou no seu comportamento, que em geral não está enquadrado no padrão de normalidade estabelecido pelo grupo social.

O cyberbullying, por sua vez, é a extensão da prática do bullying do ambiente físico para o plano virtual. Enquanto o bullying entre adolescentes é largamente praticado no ambiente escolar, o cyberbullying ultrapassa qualquer fronteira física, tirando da vítima qualquer possibilidade de escapar dos ataques, que acontecem o tempo todo por meio, principalmente, das redes sociais e dos aplicativos de mensagens.

Podem ser consideradas cyberbullying ações como:

  • exposição de fotografias ou montagens constrangedoras;
  • divulgação de fotografias íntimas;
  • críticas à aparência física, à opinião e ao comportamento social de indivíduos repetitivamente.

Os agressores geralmente usam de perfis falsos (fakes), acreditando estarem totalmente protegidos quanto à sua identidade real, ou simplesmente se manifestam pelo meio virtual por não ter que encarar a sua vítima pessoalmente.

Dados de casos de cyberbullying no Brasil

Um levantamento realizado pelo instituto de pesquisa Ipsos revelou que o Brasil é o segundo no ranking de cyberbullying no mundo. A pesquisa entrevistou mais de 20 mil pessoas em 28 países.

No Brasil, 30% dos pais ou responsáveis entrevistados afirmaram ter conhecimento de que os filhos envolveram-se ao menos uma vez em casos de cyberbullying. O primeiro colocado no ranking é a Índia.

Uma pesquisa encomendada pela Intel Security, empresa vinculada à Intel, feita com 507 crianças e adolescentes com idades entre 8 e 16 anos revelou os seguintes dados sobre o cyberbullying no Brasil:

66% presenciaram casos de agressão na internet;

21% afirmam ter sofrido cyberbullying;

24% realizaram atividades consideradas cyberbullying. Desse grupo:

14% admitiram falar mal de uma pessoa para outra;

13% afirmaram zombar de alguém por sua aparência;

7% marcaram alguém em fotos vexatórias;

3% ameaçaram alguém;

3% zombaram alguém por conta de sua sexualidade;

2% postaram intencionalmente sobre eventos em que um colega foi excluído para ele ver que foi excluído.

Os três principais motivos que as crianças entrevistadas utilizaram para justificar suas ações foram: por defesa (porque a pessoa que foi atacada as tratou mal antes), por não gostar da pessoa afetada ou por acompanharem outros que já praticavam as ações agressivas antes.

Com informações de Brasil Escola

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