Segundo dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, Santa Catarina já registra mais de 365 mil casos de dengue em 2024, um aumento de 165,28% em relação ao mesmo período do ano passado. Dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE) mostram que apenas 28,7% do público-alvo, de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, foi vacinado nas quatro regiões que ofertam a vacina no Estado.
Diante da baixa adesão à vacinação contra a dengue em Santa Catarina, especialistas destacam a importância de aumentar a cobertura vacinal na faixa etária elegível a receber a vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para prevenir novos surtos da doença. Ao mesmo tempo, aqueles que já receberam a primeira dose do imunizante precisam retornar às unidades de saúde para completar o esquema vacinal de duas doses.
A baixa adesão pode resultar em novos surtos da doença nas faixas etárias de 10 a 14 anos, especialmente durante os meses mais quentes, quando a proliferação do mosquito Aedes aegypti aumenta. A dengue ainda pode causar complicações graves, chegando até a ser fatal.
“Temos observado que a cobertura vacinal contra a dengue em Santa Catarina está muito abaixo do esperado. Esse cenário é preocupante, especialmente considerando a alta circulação do vírus em todo o país. A vacinação é uma das ferramentas mais eficazes e seguras para prevenir a dengue, além de reduzir hospitalizações e evitar complicações graves. A vacinação é uma estratégia de prevenção coletiva e precisamos que os responsáveis levem as crianças e adolescentes para se imunizarem”, afirma o infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Com a previsão de um final de ano bastante quente em todo o Brasil, Chebabo alerta para a possibilidade de um novo surto da doença, que pode ser combatido com a vacinação. Ouça um áudio do médico:
Pesquisa “O impacto da Dengue no Brasil”
Uma pesquisa promovida pela indústria biofarmacêutica Takeda refletiu o aumento dos casos e o avanço da dengue em todo o país. A consulta contou com a coordenação científica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e abrangeu cerca de 2 mil pessoas.
O estudo mostrou que a dengue está presente na vida do brasileiro de alguma forma, seja porque já tiveram a doença, conhecem alguém que teve ou porque estão preocupados com o risco de infecção. Três em cada 10 brasileiros relataram ter tido dengue e 69% conhecem alguém que já teve a doença. Quando estimulados, 99% dos brasileiros afirmam conhecer a doença.
Ao mesmo tempo, 40% acreditam que o número de casos entre 2022 e 2023 se manteve e 23% que diminuiu, enquanto apenas 36% dizem que houve um aumento.
Quanto às novas formas de combate à dengue, a possibilidade da vacinação contra a doença ainda é desconhecida pela maioria dos entrevistados (73%), mas entre aqueles que já ouviram falar do tema (27%), 86% acreditam na sua eficácia e se manifestam dispostos a ela.
A pesquisa foi realizada entre os dias 26 de junho a 31 de julho de 2023, com 2 mil pessoas, acima de 18 anos, de todas as classes sociais e regiões do país, por telefone. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Confira mais dados da pesquisa na região Sul do Brasil
• 96% acreditam que a dengue pode levar à morte e todos buscariam cuidados especializados se suspeitassem estar com dengue.
• 10% disseram que já tiveram dengue e 52% conhecem alguém que teve a doença.
• 66% lembraram da dengue quando questionados sobre quais surtos de doenças são recorrentes no Brasil, sendo que mais da metade (56%) acredita que o número de casos aumentou entre 2022 e 2023.
• Entre os que tiveram dengue (16%), 77% fizeram alguma mudança na sua casa ou sua rotina após pegarem a doença.
• Em relação às formas de contágio, 81% dos entrevistados associam a transmissão da doença à picada do mosquito.
• 37% não se sentem seguros quanto à possibilidade de contrair a dengue.
• 77% não sabem quantas vezes uma pessoa pode pegar dengue.
• 100% dos respondentes buscariam cuidados especializados se desconfiasse que estavam com dengue.
• 97% acreditam que a dengue pode ser evitada.