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Negativas, pedidos e até convite; saiba como foi o depoimento de Bolsonaro ao STF

Ex-presidente foi o sexto réu a passar pelo interrogatório previsto para acabar nesta sexta

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Negativas, pedidos e até convite; saiba como foi o depoimento de Bolsonaro ao STF
Foto: Fellipe Sampaio/STF

O depoimento do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro ao Supremo Tribunal federal (STF) foi de negativas à respeito da possibilidade do golpe de Estado. “Da minha parte, nunca se falou em golpe. Golpe é abominável. O golpe até seria fácil começar. O afterday é imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessa. Não foi sequer cogitada essa hipótese de golpe no meu governo”, afirmou.

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No entanto, Ele admitiu, no entanto, que discutiu com auxiliares e comandantes militares alternativas “dentro da Constituição” para tentar reverter o resultado das eleições de 2022.

Bolsonaro pede desculpas a Moraes

O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes por declarações feitas no passado nas quais insinuava, sem provas, que integrantes do Supremo Tribunal Federal estariam envolvidos em corrupção durante as eleições. “Me desculpe, não tinha qualquer intenção de acusar de qualquer desvio de conduta os senhores três”, disse Bolsonaro.

Devolução de multa

Durante depoimento na Suprema Corte, Bolsonaro se dirigiu pessoalmente ao ministro Alexandre de Moraes e pediu: “Espero que um dia Vossa Excelência possa reconsiderar aquela multa e [o dinheiro] volte para o partido. Está fazendo muita fala aqueles R$ 22 milhões.” Como resposta, portanto, Moraes disse que o processo já está encerrado e não cabe recurso.

A multa em questão, de R$ 22,9 milhões, havia sido aplicada ao partido do ex-presidente, por litigância de má-fé após a legenda questionar o resultado apurado nas urnas eletrônicas.

Convite inesperado de Bolsonaro

Em uma momento de descontração, em tom de brincadeira, o ex-presidente convidou o ministro Moraes para ser se vice, na composição de uma possível candidatura às eleições para presidência do Brasil.

Bolsonaro narrava como as pessoas tratam ele nas ruas e questionou o ministro Alexandre de Moraes se ele gostaria de ver um vídeo com essas imagens. Moraes o advertiu, simpático, e afirmou: “Melhor perguntar aos seus advogados”. Bolsonaro riu, e falou: “Queria convidar o senhor para ser meu vice em 2026”. Moraes riu e disse: “Declino”.

Contudo, vale lembrar que o ex-presidente, que está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Interrogatório do Núcleo 1

O núcleo 1 está em audiência desde a tarde de ontem (9), quando o tenente-coronel do Exército, Mauro Cid, prestou esclarecimentos

Neste terça-feira (10), o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, prestou depoimento no início da manhã. Na sequência, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, deu os esclarecimentos necessários. Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; e ex-presidente Jair Bolsonaro finalizaram então as suas participações no interrogatório.

Crimes

Os réus respondem no STF pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado. Em caso de condenação, as penas passam de 43 anos de prisão.

O interrogatório dos réus é uma das últimas fases da ação penal. Os depoimentos seguem até a próxima sexta-feira (13), quando os oito réus pertencentes ao núcleo serão interrogados sobre a trama para impedir a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o resultado das eleições de 2022.

Núcleo 1: ordem dos depoimentos sobre trama golpista

  •  Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  •  Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  •  Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  •  Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  •  Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
  •  Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  •  Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  •  Walter Braga Netto. 

Assista ao vivo os depoimentos

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