O senador Jorge Seif (PL-SC) apagou as postagens que fez na sua conta na rede social X (antigo twitter), onde defendeu o policial militar que jogou um homem de uma ponte. O caso ocorreu em São Paulo, nesta semana, e ganhou repercussão em todo o Brasil e até no Exterior. Da mesma forma, o policial foi para a prisão na manhã de quinta-feira (5).
Na publicação que postou na quarta-feira (4), Jorge Seif afirmou que o erro dos policiais envolvidos na ação foi jogar o homem em um córrego, e não de “um penhasco”.
“O erro dos policiais foi jogar o meliante em um córrego? Não foi do penhasco? (…) Tomar um barro no córrego é prêmio. Além disso, minha solidariedade e apoio incondicional aos PMs e ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite”, disse o senador, natural do Rio de Janeiro, mas que se elegeu por Santa Catarina em 2022 para um mandato de oito anos.
Horas depois, Jorge Seif apagou a publicação. Além disso, nesta sexta (6), o jornalista e vereador eleito por Florianópolis Leonel Camasão informou que formalizou uma denúncia contra Seif na Procuradoria Geral da República (PGR) e na Comissão de Ética do Senado, por apologia ao crime.
Polícia que mata
O caso ocorreu na madrugada de segunda-feira (2), e foi flagrado por um vídeo que repercutiu nas redes sociais. No momento da ação, o policial que joga o homem da ponte estava com sua câmera corporal desligada. Após ir para a prisão, o policial chorou como uma criança na frente de um juiz, durante audiência de custódia.
De acordo com um levantamento do jornal Folha de São Paulo, a polícia paulista matou 496 pessoas de janeiro a setembro. Além disso, trata-se do maior número para o período desde 2020, quando o índice chegou a 575. Em relação ao mesmo intervalo no ano passado, a alta é de 75%.
Seif é empresário do setor de pesca industrial e foi o secretário especial da Aquicultura e da Pesca durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De 2019 a 2022, ganhou exposição com as lives que o então presidente promovia. Blolsonaro passou a chama-lo de “06” , em referência ao modo como o ex-presidente costuma chamar os filhos. Hoje, Seif integra o “núcleo duro” do bolsonarismo no Congresso Nacional.
Em agosto de 2019, diversas manchas de petróleo cru começaram a aparecer em praias brasileiras, sobretudo de Estados da região Nordeste. Diante da crise, Jair Bolsonaro convocou o seu secretário da Pesca a esclarecer o episódio. Seif minimizou a crise ambiental e disse que os peixes eram “bichos inteligentes” e desviariam da mancha de petróleo.
1,5 milhão de votos
“O peixe é um bicho inteligente. Quando ele vê uma manta de óleo ali, capitão (Jair Bolsonaro), ele foge, ele tem medo”, disse o então secretário, que argumentava que peixes e frutos do mar do varejo não estavam contaminados pela substância. “Então, obviamente que você pode consumir seu peixinho sem problema nenhum. Lagosta, camarão, tudo perfeitamente sano”, afirmou Seif.
Em 2022, no primeiro pleito que disputou, Seif se elegeu senador com 1.484.110 votos, 39,79% do eleitorado catarinense. O mandato dele esteve ameaçado durante o primeiro semestre deste ano, quando uma representação que poderia cassá-lo chegou ao plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-secretário é acusado de abuso de poder econômico e prática de caixa dois. Em abril, a Corte eleitoral solicitou novas investigações sobre a acusação, adiando a resolução do caso. A previsão é que o processo volte a ser pautado somente em 2025.
Entre março de 2023 e julho deste ano, o ex-secretário empregou Jair Renan, o “04” do ex-presidente, em seu escritório de apoio em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina. O filho de Bolsonaro foi exonerado do escritório de Seif para concorrer a vereador de Balneário Camboriú, sendo eleito com 3.033 votos, a maior votação da cidade para o cargo.