
A série norte-americana Yellowstone ganhou notoriedade ao fazer sucesso em todo o mundo nos últimos cinco anos. A produção encabeçada pelo ícone Kevin Costner mostra a atmosfera rural dos grandes ranchos com criações de gado, e seus aspectos sociais, econômicos e políticos. Num dado momento, os personagens fazem uma reflexão sobre o ser humano, e reconhecem que o avanço da vida urbana deve em breve se sobrepor às áreas de pastagens, extinguindo assim com esse cotidiano das fazendas pelo interior.
– No futuro, não teremos mais criação de bois nos EUA. Toda carne que consumiremos virá do Brasil, que avança hoje suas pastagens sobre a Amazônia -, afirma um dos personagens.
A arte imita a vida e a obra feita para a TV americana reflete a triste realidade que todos enfrentamos agora. O Agronegócio, travestido com roupa de super-herói brasileiro, prevê lucrar mais e mais nas próximas décadas, fornecendo seu produto para o mundo inteiro, mas concentrando o lucro no seu próprio bolso. Mas para que esse projeto dê certo, será preciso destruir a Amazônia e o Pantanal.
Folha doutrinadora
A natureza e o ecosistema – que muitos chamam de Deus – tem dado seu recado sobre isso. Enchentes, terremotos, altas temperaturas, secas, avanço do mar, destruição. Mas nada parece impedir a ganância do agro.
Nesta semana, o Jornal Folha de São Paulo – que já foi o melhor jornal da América Latina e principal modelo para a geração de jovens jornalistas nos anos 90 – abriu seu tradicional programa de treinamento em jornalismo diário. Nesta edição, a ênfase será sobre a cobertura ambiental e vale para estudantes e profissionais já graduados, com treinamento presencial na redação do jornal.
E voilá: o curso conta com o patrocínio da Philip Morris Brasil e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ou seja, o Agro se organiza para doutrinar formadores de opinião com sua cartilha apocalíptica. É a mais cruel das raposas tomando conta do nosso galinheiro.
Pedir música?
Primeiro, foi em São José, na Grande Florianópolis. Condenado por crimes contra a democracia, o ex-diretor da PRF Silvinei Vasques cumpriu parte da sua pena, e depois recebeu o benefício da prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. De brinde, foi convidado e aceitou assumir como secretário municipal na administração do prefeito Orvino de Ávila.
Depois, foi em Itajaí. O policial militar da reserva Tadeu de Andrade, condenado por crimes de tortura, foi nomeado pelo prefeito Robison Coelho para comandar a Junta Administrativa de Recursos e Infrações.
Por fim, a trilogia pode se completar em 2026, quando teremos como candidato a governador de Santa Catarina um prefeito condenado por corrupção em Pinhalzinho. Ele cumpriu pena na Papuda, em Brasília, e só podia sair da cela para participar das sessões na Câmara Federal, quando era deputado.
Antes que a tendência vire uma febre, em Florianópolis, o vereador Afrânio Boppré – que também já foi vice-prefeito e deputado – apresentou um projeto que proíbe condenados por crimes contra a democracia de assumirem cargos públicos na Capital. O projeto certamente não vai passar, já que temos uma maioria conservadora na Câmara. Um pessoal família, Deus e bons costumes, mas que não titubeia na hora de defender os interesses dos poderosos.
Posso falar de futebol?
O Barra, de Balneário Camboriú, inaugurou seu novo estádio em Itajaí. O clube disputa pelo segundo ano seguido a elite do futebol catarinense. Como técnico, está o ex-goleiro Renan Brito, que como atleta brilhou no Inter e no Valência da Espanha, e também foi campeão mundial sub 20 com a seleção brasileira.
Conheci Renan quando ele tinha 14 anos. Na época, eu cobria para um pequeno jornal as competições de beach soccer que ocorrem nas praias do RS durante o verão. Torneios de base que atraem equipes de todo o Estado. Renan era um garoto quieto, ficava de fora da bagunça do ônibus e parecia sempre muito concentrado no seu próprio mundo.

Seu time foi para a final, e em caso de empate, iria para os pênaltis. O placar seguia no 0 a 0 quando o juiz apitou o final do jogo. Nesse momento, os colegas de equipe de Renan começaram a comemorar, braços erguidos e gritos de alegria. Eu então questionei o técnico da equipe, Beto Benedetti, que estava ao meu lado na beira da quadra. Como assim, por que estão comemorando, se ainda vai ter os pênaltis?, perguntei.
– Eles sabem que o Renan vai pegar os pênaltis. Conhecem o goleiro que tem, responderam.
Nem preciso dizer que foram mesmo campeões.
Bia de Blumenau, de SC e do mundo
A catarinense de Blumenau Beatriz Baldi, que estuda e joga futebol feminino universitário nos Estados Unidos, deve desembarcar em Florianópolis no dia 12 de fevereiro. Se reapresenta nos EUA somente em julho. Em busca de um clube para seguir treinando e jogando até o final do semestre, ela encontrou uma oportunidade no distante União, de Natal, no Rio Grande do Norte. Por aqui, Avaí/Klindermann e Criciúma lhe fecharam as portas.
Quem vai receber Bia em Natal é a manezinha Gabi Barrozo, que está no União há três anos. Gabi ja conquistou três títulos estaduais no clube, e vai jogar pela segunda vez a série A3 do Brasileirão. Além de atleta e titular no time, Gabi também trabalha como gestora. Outro dia, recebeu uma proposta para jogar na Europa, mas respondeu: “Estou feliz aqui”.

