Região

Exclusivo: moradores do RS relatam angústia com enchentes no estado

Quando a água baixar, a vida será reconstruída

Autor
Exclusivo: moradores do RS relatam angústia com enchentes no estado
Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal / Kassiely Klein

As enchentes que estão afetando a Região Sul do Brasil, além de deixarem um rastro de destruição, estão marcando profundamente toda uma população. São gaúchos e gaúchas que estão vivendo com medo e a esperança de dias melhores.

PUBLICIDADE

O Portal Guararema News traz, nessa quarta-feira (14), a história de três pessoas de diferentes cidades do Rio Grande do Sul e suas perspectivas sobre a tragédia climática que afeta o estado.

Kassiely Klein, de 29 anos, é enfermeira em Porto Alegre. Trabalha na UTI pediátrica de um hospital e mora na Cidade Baixa, famoso bairro na região central da capital gaúcha. Ela teve que sair de seu apartamento e se hospedar na casa de amigos.

João Victor Siqueira, de 26 anos, é assistente fiscal em Canoas. Ele e sua família acordaram em uma madrugada com a água entrando dentro de casa, assustados deixaram para trás tudo aquilo que conquistaram durante uma vida inteira.

Tatiana Bolbadilha Freitas, de 42 anos, é educadora social de Rio Grande, no Sul do estado. Ela conta que as inundações estão começando na região, a água do Guaíba está chegando na Lagoa dos Patos. A população está tentando se organizar da maneira que pode.

A VOLUNTÁRIA

“Estava vivendo com uma mochila nas costas” é o que nos relata Kassiely. O bairro inteiro da enfermeira precisou ser evacuado, as águas do Lago Guaíba invadiram a capital dos gaúchos tomando ruas e casas. Luz e água foram cortadas.

Kassiely pediu abrigo na casa de amigos, que também estavam sem água, sem luz e com pouca comida. Assim que conseguiu se organizar, dobrou seus plantões no hospital e se voluntariou em abrigos.

“Eu comia no trabalho. O hospital virou abrigo para muita gente, vi profissionais dobrando suas jornadas, mesmo depois de terem perdido tudo”. A enfermeira conta que nos abrigos que esteve, havia pouca demanda física, mas as pessoas estavam abaladas psicologicamente com as enchentes.

O DESABRIGADO

“Não houve tempo para nada. Em questão de minutos a água já estava na altura da cintura. Saímos com a roupa do corpo, documentos e o cachorro da família embaixo do braço” esse relato destaca os momentos de angústia de João Victor.

Morador de Canoas, João conta que houve avisos, mas como a região onde morava não era uma área de risco, os moradores acharam que nada iria acontecer. As enchentes vieram. A residência conquistada com seu trabalho teve que ser evacuada e o assistente fiscal foi para Porto Alegre.

“Nosso destino foi a casa dos meus pais, em Porto Alegre, no Bairro Sarandi”, disse ele. Mal sabia João que o Bairro Sarandi seria um dos mais afetados pelas chuvas. A casa de seus pais ficou completamente submersa. A máquina de costura da mãe, as fotografias, tudo foi perdido.

A RESILIENTE

“Minha família paterna é toda de pescadores e todos tiveram que sair das suas casas”. Tatiana vive dias de tensão, as águas do Guaíba avançam constantes para o Sul do Estado e ela não sabe como serão os próximos dias.

“Nossa tragédia é anunciada o que possibilita uma organização, mas também gera bastante ansiedade”. A educadora social conta que a todo o momento boletins informativos são disponibilizados para ajudar na evacuação de determinadas áreas.

Em Rio Grande já são mais de 30 bairros afetados. A maioria dos moradores atingidos são autônomos, por isso a comunidade está empenhada em prestar auxílio, se voluntariando em diversas frentes.

O FUTURO

São três pessoas com experiências diferentes da mesma tragédia. A enfermeira que cuida da vida, o assistente fiscal que teve suas lembranças submersas e a educadora social resiliente na espera.

Atualmente já são 147 mortos e 125 desaparecidos. As enchentes do Rio Grande do Sul vão deixar marcas profundas nas vidas de várias pessoas. Mas mesmo com lembranças tristes a generosidade de todos aqueles que estenderam a mão para o estado, será lembrada.

Quando a água baixar, a vida será reconstruída, as pessoas vão voltar a sorrir e no futuro os gaúchos vão contar para os mais novos os “causos” da Enchente de 24.

Relacionadas