Região Balneário / Itajaí

MPSC apura discriminação contra candidatas no litoral Norte

Cidade possui histórico conturbado na política

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MPSC apura discriminação contra candidatas no litoral Norte
Foto: Divulgação / Agência Câmara

Um morador de Barra Velha, cidade do litoral Norte de Santa Catarina, está sendo investigado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por discriminar candidatas mulheres do município. A 1ª Promotoria de Justiça da cidade já instaurou uma notícia-fato com base em um áudio contendo expressões de intolerância, constrangimento e humilhação às candidatas. Um jornal da região divulgou o conteúdo, que rapidamente viralizou nas redes sociais.

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No áudio, o homem afirma: “Há uma possibilidade bem remota (…) de que uma [mulher entre na vida pública]. Nada contra, é uma opinião minha, mas é, assim, muito difícil, vai entrar lá com a calcinha no joelho, entendeu? Barra Velha não elege mulher. A nossa retrospectiva mostra isso”. Ele segue, dizendo: “Pode ser que eleja, bom, tomara que eleja, independentemente do partido, mas é muito difícil, muito. Como eu falei, com a calcinha no joelho talvez ponha uma”.

O Código Eleitoral prevê que essa conduta é punível com reclusão de um a quatro anos e multa. A legislação define como crime assediar, constranger ou humilhar, por qualquer meio, candidatas a cargos eletivos ou detentoras de mandato eletivo, utilizando-se de menosprezo ou discriminação com base na condição de mulher, cor, raça ou etnia. O objetivo desse crime é impedir ou dificultar a campanha eleitoral ou o desempenho do mandato eletivo de mulheres.

Diante dos indícios de autoria e materialidade, o Promotor de Justiça do Ministério Público, Francisco Ribeiro Soares enviou a notícia-fato para que a Delegacia de Polícia Civil de Barra Velha avalie a instauração de um procedimento para apurar o possível crime.

Cidade com histórico conturbado na política

Barra Velha tem um histórico conturbado na política. Ao longo dos anos, a Justiça processou muitos políticos da cidade, e cassou ou prendeu alguns deles. O caso mais recente envolve o prefeito Douglas Elias da Costa, detido pelo Gaeco sob acusação de organização criminosa, fraude à licitação, peculato e lavagem de dinheiro. Empresários do litoral Norte, também foram detidos. A Operação Travessia, à qual o político foi associado, foi deflagrada em janeiro de 2024 e, desde então, ele permanece preso e afastado do cargo.

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