
A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil gerou reações imediatas em setores produtivos do Estado. Apesar do impacto potencial, uma lista de isenções divulgada pela Casa Branca na ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, ontem à tarde, garante certo alívio para segmentos estratégicos da economia catarinense.
A medida entra em vigor na quarta-feira (06) da próxima semana, mas poupa alguns dos principais produtos exportados por Santa Catarina, enquanto outros, igualmente relevantes, passam a ser diretamente afetados pela sobretaxa.
Setores isentos
Entre os produtos que seguirão isentos da nova tarifa estão aeronaves civis, peças e motores — o que beneficia diretamente empresas como a Embraer, que mantém operações ligadas à cadeia aeronáutica também em Santa Catarina. Além disso, a indústria madeireira e de celulose, fortemente concentrada nas regiões de Lages, Otacílio Costa e Planalto Norte, também foi contemplada. Empresas como a Suzano e fabricantes de móveis da região norte estão entre as beneficiadas.
Os produtos energéticos, como carvão mineral, também entraram na lista de isenções. Santa Catarina ainda mantém uma base produtiva desse insumo, especialmente na região de Criciúma e Lauro Müller, o que garante a continuidade das exportações para os EUA sem impacto tarifário.
Outro destaque são os metais específicos, como ferro-gusa, silício e ferroníquel. Embora não liderem a pauta exportadora do estado, fazem parte da base da indústria metalúrgica e eletromecânica catarinense.
Exportações ameaçadas
Por outro lado, produtos centrais da economia estadual não aparecem na lista de isenções e, com isso, podem ser duramente afetados. As carnes de frango e suína, por exemplo, são os principais itens da pauta exportadora de Santa Catarina — com destaque para empresas como Sadia, BRF/Seara e Aurora, com sedes em municípios como Chapecó, Concórdia e Itajaí. Esses produtos podem sofrer a tarifa cheia de 50%, impactando diretamente a competitividade nos mercados internacionais.
O mesmo ocorre com o setor de motores elétricos, compressores e autopeças, que tem forte presença nas cidades de Joinville e Jaraguá do Sul. Empresas como a WEG, Embraco e Tupy, que possuem contratos expressivos com clientes norte-americanos, podem sentir os efeitos da elevação tarifária, já que seus produtos não foram incluídos entre os itens isentos.
Outro setor de peso é o têxtil e de confecção, concentrado no Vale do Itajaí, com marcas tradicionais como Hering, Malwee, Karsten e Haco. Também ausente da lista de exceções, o setor teme queda nas exportações e perda de competitividade para países não afetados pela medida.
Soja e grãos fora da lista
Apesar de Santa Catarina não ser um grande produtor de soja em comparação ao Centro-Oeste, o grão ainda aparece na pauta exportadora estadual. No entanto, a soja e seus derivados não constam entre os produtos isentos, o que coloca o setor sob risco em relação ao comércio com os Estados Unidos.
A nova tarifa dos EUA cria um cenário de incerteza para Santa Catarina. Enquanto setores como o aeronáutico, madeireiro, energético e de alguns metais respiram aliviados com as isenções, os principais pilares da economia estadual — carnes, motores e vestuário — entram em alerta.
Com os Estados Unidos sendo um dos principais destinos das exportações catarinenses, o estado agora precisará avaliar com atenção os efeitos da medida no desempenho da sua balança comercial. O Governo do Estado e as entidades de classe, a exemplo da Fiesc, já se mobilizam para compreender melhor o alcance da ordem executiva e buscar alternativas para minimizar os prejuízos.
Prestígio

O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, e o líder do partido na Câmara dos Deputados, Isnaldo Bulhões, desembarcam aqui no estado na próxima semana. Ambos confirmaram presença no evento de filiação do ex-deputado federal Rodrigo Coelho, que será realizado na próxima segunda-feira (4), às 19h15, na Sociedade Glória, em Joinville. As bancadas estadual e federal do MDB também confirmaram presença. Os emedebistas apostam no aumento de cadeiras na Câmara — dos três atuais para quatro vagas. O partido também está em busca da deputada Geovânia de Sá (PSDB).
Inauguração
O governador Jorginho Mello (PL) inaugura hoje, em Joinville, a subestação Joinville Perini e lança o SC+Eficiente – programa que prevê a substituição de equipamentos como lâmpadas, refrigeradores e chuveiros por modelos mais econômicos. A iniciativa visa famílias em vulnerabilidade social de todo o estado, começando pela região Norte. O evento terá ainda a presença do presidente da Celesc, Tarcísio Rosa, e de representantes da indústria e lideranças comunitárias. Jorginho, que segue em busca de uma maior aproximação com o prefeito Adriano Silva (Novo), dormirá em Joinville, já que fará a inauguração de quadras poliesportivas e da nova estrutura do Ambulatório de Especialidades Médicas do Hospital Bethesda.
Quinto

O deputado estadual Ivan Naatz (PL), que é advogado de profissão, se inscreveu oficialmente na OAB para a disputa a uma vaga de desembargador do Tribunal de Justiça. Ele informou que pretende defender a valorização e o fortalecimento regional da advocacia, reconhecendo sua relevância para o desenvolvimento jurídico e social.
Quatro governistas
Uma fonte ligada à OAB destacou que essa disputa do Quinto Constitucional promete ser uma das mais acirradas dos últimos anos. Pelo menos quatro candidatos têm alguma ligação com o Governo do Estado: o deputado estadual Ivan Naatz (PL), o procurador-geral do Estado, Márcio Vicari, e os advogados William Quadros e Giovani de Lima, que é sobrinho da vice-governadora, Marilisa Boehm (PL). No Centro Administrativo é dito que, se Naatz chegar à lista tríplice, será o escolhido pelo governador Jorginho Mello (PL).
Combustível em BC
O Procon de Balneário Camboriú divulgou o resultado da pesquisa de preços de combustíveis realizada entre os dias 29 e 30 de julho em postos da cidade. A maior variação foi identificada no preço do litro do etanol, que chegou a 35%. Segundo a pesquisa, o valor mais baixo encontrado para o combustível foi de R$ 4,29, enquanto o mais alto atingiu R$ 5,79. O óleo diesel S10 também apresentou uma discrepância considerável, com uma variação de mais de 29% entre os postos pesquisados. Os preços para este combustível variaram de R$ 5,79 a R$ 7,49. No caso das gasolinas, as diferenças foram um pouco menores: a gasolina comum apresentou uma variação de quase 10%, com preços entre R$ 6,19 e R$ 6,79; e a gasolina aditivada teve diferença de valores de mais de 11%, sendo vendida por R$ 6,29 no posto mais barato e por R$ 6,99 no mais caro. O diesel S500 foi o combustível com a menor variação, sendo encontrado em apenas quatro estabelecimentos, de R$ 5,89 até R$ 6,09.
Medicamentos
A Procuradoria-Geral do Estado garantiu, através de ação, a anulação de uma perícia judicial em um processo movido por uma distribuidora de medicamentos que buscava invalidar uma notificação fiscal de quase R$ 32,8 milhões. A 3ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça acolheu os argumentos da PGE e determinou a realização de uma nova perícia no caso, a ser conduzida por outro profissional. A ação foi movida por uma empresa de medicamentos sediada no Vale do Itajaí que contestava uma execução fiscal. O documento fora emitido pois a distribuidora utilizava base de cálculo inferior àquela que a legislação estabelece para o ICMS. No caso, a empresa alegava que o correto seria aplicar a Margem de Valor Agregado (MVA), e não o Preço Máximo ao Consumidor (PMC), como define a lei catarinense — o que resultou em um débito de quase R$ 32,8 milhões junto aos cofres públicos.

Marcelo Lula é jornalista e radialista. Atuou em emissoras de rádio e jornais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Atualmente, faz comentários na Condá FM de Chapecó e na Rede Guararema de Rádios.