O governador Jorginho Mello (PL) não esconde a satisfação com o resultado das eleições municipais, que colocaram o Partido Liberal na liderança em número de municípios e também como a maior força populacional. Fontes relatam que o governador está muito mais confiante.
Essa confiança sentida na Casa D’Agronômica tem dois motivos, segundo relatou uma fonte: a força do partido, que dá musculatura para o projeto de reeleição em 2026, e o fato de Jorginho ganhar força para construir um governo com uma base forte, o que lhe daria uma espécie de poder absoluto no estado, sem qualquer risco de abalo à sua gestão.
Para obter esse poder, Jorginho, que ainda não enfrentou uma forte oposição, deve iniciar algumas conversas. A avaliação é que, mesmo com o resultado da eleição, isso não lhe dá o tal poder absoluto que tanto almeja, e os números mostram isso. É por isso que ele deseja ter o MDB definitivamente em seu governo.
De acordo com uma fonte, o governador está disposto a dialogar, porém não está aberto a aceitar o que considera uma tentativa de avanço sobre seu governo. A justificativa é que o governo não pode perder sua identidade, o que faz com que secretarias consideradas centrais em sua gestão estejam fora de cogitação para outros partidos.
Nelas, apenas nomes de confiança, preferencialmente técnicos ou filiados ao PL. “O governador não quer perder o comando e não aceitará pressões para garantir que o governo não mudará de identidade”, relatou uma liderança.
Um exemplo é a Casa Civil. O entendimento no governo é que tanto Jorginho quanto o secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert, estão conduzindo a articulação política. Segundo a fonte, eles articulam com os deputados e repassam as orientações para que o secretário adjunto, Marcelo Mendes, cuide da parte administrativa. “É o que tem funcionado”, destacou a liderança.
Até o momento, de todos os setores do governo que aparecem como possibilidade de troca, a Secretaria de Estado da Agricultura, comandada pelo ex-deputado federal Valdir Colatto, é a mais cotada. Desde o ano passado, Jorginho entende que precisa fazer essa troca, mas até agora não encontrou um nome que o agradasse. Esse deve ser um dos dois espaços que poderão ser abertos aos emedebistas, junto com a Secretaria de Infraestrutura, que tem como secretário o emedebista Jerry Comper.
Resta saber se Jorginho conseguirá convencer o MDB a aderir ao seu projeto, sem conceder espaços que deem protagonismo ao partido no governo. Além disso, se aderir, os emedebistas abrirão mão de qualquer projeto próprio visando 2026. Qual será a reação da militância?
Leitura de um liberal
Quando questionada se o MDB aceitará novos cargos no governo de Jorginho Mello (PL), após as reclamações de lideranças emedebistas contra o comportamento do governador durante a eleição, uma fonte do PL respondeu: “Sabe quando o pai exagera e dá umas palmadas mais fortes no filho? O filho fica esperando um pedido de desculpas e um presente. Dado o presente, ele esquece e bola pra frente. Vai ser assim”, afirmou.
Espaços
O governador Jorginho Mello (PL) também terá que pensar em quais espaços vai acomodar os ex-prefeitos Mário Hildebrandt (PL), de Blumenau, e Fabrício Oliveira (PL), de Balneário Camboriú. Com a vitória de Egídio Ferrari, Hildebrandt ganhou força para pleitear um espaço, enquanto Fabrício também deve ser contemplado, mas já não é visto com a mesma força de antes.
Hildebrandt já teria demonstrado interesse em assumir a Secretaria de Estado da Assistência Social, Mulher e Família. No entanto, a atual secretária, Maria Helena Zimmermann, foi considerada a responsável pela vitória de Manoel Pereira (PL) na eleição em Rio do Sul, o que a fortaleceu. Fontes afirmam que será difícil removê-la do cargo, até por ser considerada uma secretária que tem dado resultados.
MDB
Os emedebistas se reuniram ontem para avaliar os números do partido na eleição. A leitura das lideranças é que o MDB foi o partido que mais elegeu no estado, somando 870 eleitos, entre prefeitos, vices e vereadores.
Neste momento, a prioridade é formar uma comissão especial para organizar o pleito de 2026. Ficou agendado para o início de novembro um encontro com os prefeitos e vices eleitos, junto com o diretório estadual.
Sem dívida
O presidente estadual licenciado do MDB, o deputado federal Carlos Chiodini, me disse ontem que o partido está na fase de analisar o cenário estadual. A ideia é avaliar quais caminhos podem contribuir para o fortalecimento do partido.
Para Chiodini, o MDB somente decidirá seu posicionamento para a próxima eleição estadual em abril de 2026. Porém, alguns pontos serão avaliados, como quem tem o melhor projeto e quem pode ajudar mais o MDB, entre outras questões.
Em nossa conversa, ele deixou claro que ficou mágoa com o PSD e o PL. “Ambos tocaram seus projetos enquanto o MDB foi parceiro em vários. Uma coisa fique clara: o MDB não tem dívida de gratidão com ninguém. Fez 70 prefeituras sozinho”, afirmou.
Alinhamentos
Sobre o avanço que o governador Jorginho Mello (PL) deverá fazer sobre o MDB, o presidente estadual Carlos Chiodini disse que todos os cenários são possíveis: tanto se alinhar com algum partido como trabalhar em um projeto solo, ou até mesmo entrar no governo. Mas deixou um recado:
“Eu acho que é possível. Não adianta ser bom somente para o MDB ou não ser bom como foi com o Moisés (Carlos), repetindo o erro de quem construiu aquela entrada. Tem que ser bom para todo mundo. Tem que entrar de corpo e alma, ou não entra”, afirmou, deixando claro que, para aceitar um convite, o partido precisará ter um espaço de destaque para trabalhar com o governo.
Significado
Questionado sobre o que significa ser bom para o MDB, o presidente estadual do partido, Carlos Chiodini, disse que será preciso atender às bancadas estadual e federal, e aos prefeitos, para sensibilizar a base, a qual, segundo ele, provou ser forte e que faz a diferença em uma eleição. “Só não pode ser como o Moisés (Carlos), que só agregou os deputados estaduais e não deu resultado”, afirmou.
Para o líder do MDB, atualmente o partido não se considera parte do Governo do Estado. Em relação ao PSD, Chiodini questionou como os pessedistas poderão ajudar o MDB, pensando em um projeto futuro.
União
Outra forte preocupação no MDB é quanto à união do partido. Para o presidente Carlos Chiodini, é necessário que o partido se acerte internamente, pois, unido, entrega mais para sua militância. Segundo ele, os emedebistas não podem agir como uma cooperativa.
Todos devem se unir em um mesmo objetivo. Por isso, a orientação partidária é que todas as conversas que o governador Jorginho Mello (PL) quiser ter com o MDB terão que ser com o partido, e não individualmente com os deputados.
Analisando
Fontes afirmam que o ex-presidente da OAB/SC, Tullo Cavallazzi, está analisando a possibilidade de concorrer novamente à presidência da OAB/SC. Além de ex-presidente, Tullo integrou a gestão de Felipe Santa Cruz na OAB Nacional entre 2019 e 2021, quando foi conselheiro federal e presidiu a Comissão Nacional de Direito Desportivo.
Por conta dessa parceria, Santa Cruz, que foi candidato ao governo carioca pelo PT, homenageou (foto) Cavallazzi no Rio de Janeiro. Tentei contato com Tullo, mas ele não respondeu ao questionamento.
Confraternização
O presidente da Assembleia Legislativa, Mauro De Nadal (MDB), se encontrou ontem com os seis prefeitos recém-eleitos pelo MDB em todos os municípios que faziam parte da área de abrangência da extinta Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Quilombo.
Da esquerda para a direita, na foto, estão os emedebistas Dovaldo Dalmorio, prefeito de Formosa do Sul; Alacir Durante, de Santiago do Sul; Odirlei Bergamaschi, de Irati; o deputado Mauro; Sadi Ferreira, de Jardinópolis; o atual prefeito de Santiago, Jucimar Lorenzetti; Jakson Cartelli, prefeito eleito de Quilombo; e Everaldo Casonatto, de União do Oeste, onde o MDB fez chapa pura.
Autismo
A Câmara de Vereadores de São José aprovou ontem o Projeto de Lei que institui o selo “Escola Amiga do Autismo”, de autoria do vereador Jair Costa (PSD). A lei, que passará pela sanção do prefeito Orvino de Ávila (PSD), permitirá a entrega do selo às escolas públicas e privadas que contribuem com a pessoa diagnosticada com o transtorno do espectro autista, para que ela tenha acesso à educação e à inclusão social.
Marcelo Lula é jornalista e radialista. Atuou em emissoras de rádio e jornais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Atualmente, faz comentários na Condá FM de Chapecó e na Rede Guararema de Rádios.
O jornalista tem se destacado por furos de fatos de grande repercussão em Santa Catarina, além de matérias investigativas e revelações dos bastidores de importantes investigações e da política.