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Enchente: Cidades-Esponja podem ser a solução

Balneário Camboriú em alerta e outros destaques

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Enchente: Cidades-Esponja podem ser a solução

Santa Catarina precisa, com urgência, adotar medidas reais para reduzir aos poucos o risco de enchentes, até chegarmos ao ideal, que é não termos mais esses problemas no estado. O investimento em infraestrutura, como a construção ou aperfeiçoamento de bueiros, ampliação de galerias pluviais, mais canais de drenagem e reservatórios de detenção e retenção de água, deve ser uma agenda constante. Mas também é preciso olhar para soluções que já vêm sendo adotadas em outros países e que têm dado resultado efetivo na contenção de enchentes.

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O conceito chamado Cidade-Esponja, criado na China e já adotado em cidades da Europa e dos Estados Unidos, tem como base criar mecanismos nos grandes centros urbanos suscetíveis a alagamentos, para absorção, retenção e liberação da água. Isso se dá com a criação de áreas verdes de escape, como áreas úmidas e parques alagáveis, passando pela reconstrução das margens dos rios, com a retirada do concreto e a implementação de mata ciliar ou espaços verdes.

Para cidades com pouca área verde, os chamados “jardins de chuva” são pequenas áreas verdes espalhadas pela cidade que, além de embelezar, ajudam no processo de absorção da água da chuva. Outra ação é a construção dos chamados “telhados verdes”, que reduzem a taxa de escoamento da chuva no solo. Todas essas ideias estão à disposição e não é impossível torná-las realidade. Tanto que, em Santa Catarina, já existe um espaço que adotou esse conceito, que é o bairro Cidade das Águas, em Joinville.

Outra forma de ação que ajuda a impedir ou reduzir alagamentos são as pavimentações permeáveis. Elas servem para o escoamento das águas e também para o esfriamento, já que o asfalto concentra muito calor.

In loco

Prefeitos e prefeitas de municípios catarinenses, constantemente atingidos por enchentes, e o Governo do Estado poderiam se organizar e realizar uma missão à China, Europa ou Estados Unidos para conhecer de perto o conceito de Cidades-Esponjas. Buscar alternativas é fundamental para reduzir os danos que, todos os anos, acometem a comunidade.

Oportunismo

A ex-primeira-dama de Balneário Camboriú, Mozara Paris, pode ter dado a pá de cal nas intenções do marido, o ex-prefeito Fabrício Oliveira (PL), de ocupar a Secretaria de Estado do Turismo. Com a intensidade de chuva ocorrida na cidade entre quarta-feira e ontem, Mozara foi para as redes sociais criticar a falta de aviso meteorológico por parte da atual gestão de Juliana Pavan (PSD). Ingenuamente ou por má-fé, Mozara criticou a Epagri/Ciram, que é o órgão estadual responsável pelas previsões do tempo em Santa Catarina. Os próprios técnicos do órgão alegaram que o fenômeno é de difícil previsão e que a modelagem existente atualmente não tem capacidade de fazer essa previsão.

Em alerta

Balneário Camboriú segue em alerta. A prefeita Juliana Pavan (PSD) destacou que o município precisará de apoio de outras cidades para a recuperação. Ela se mostrou preocupada com a possibilidade de mais chuvas no dia de hoje. Juliana, que, na terceira semana de governo, enfrenta uma crise sem precedentes causada pelas chuvas, destacou a necessidade de ações solidárias para com os munícipes que perderam suas casas. Ela pediu doações e ajuda para as pessoas e animais atingidos pelas enchentes. Em Camboriú, onde o prefeito é Leonel Pavan (PSD), também há grande preocupação devido ao grande número de residências atingidas.

Apoio de Blumenau

O prefeito Egídio Ferrari (PL) atendeu ao pedido da prefeita de Balneário Camboriú, Juliana Pavan (PSD), de enviar a equipe de geologia. Além disso, também fará uma campanha de arrecadação no Parque da Villa Germânica e nos batalhões dos bombeiros e da Polícia Militar, de alimentos, ração para animais, telhas, lonas e cobertores.

Embaixo d’água

O prefeito de Itapema, Alexandre Xepa (PL), ficou literalmente embaixo d’água. Ele foi para as ruas acompanhar de perto a situação do município atingido pelas chuvas. Cerca de 250 pessoas tiveram que ir para o abrigo. Uma fonte me disse que Xepa encontrou algumas dificuldades devido à falta de estrutura na Defesa Civil do município. Falta pessoal, equipamento e até mesmo um sistema.

Dando atenção

O governador Jorginho Mello (PL) atendeu aos prefeitos dos municípios atingidos pelas chuvas. Ele prometeu dar atenção às cidades e colocou o coronel Fabiano de Souza, secretário de Defesa Civil, à disposição. Jorginho está monitorando a situação do estado.

Outros municípios 

Outros municípios da Grande Florianópolis também estão enfrentando o resultado das fortes chuvas, entre eles Florianópolis, Palhoça, Biguaçu, São José, Tijucas, Itajaí e outros. É importante, nesse momento, que se crie uma grande rede de solidariedade para ajudar os atingidos pelas enchentes.

Marcelo Lula é jornalista e radialista. Atuou em emissoras de rádio e jornais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Atualmente, faz comentários na Condá FM de Chapecó e na Rede Guararema de Rádios.

O jornalista tem se destacado por furos de fatos de grande repercussão em Santa Catarina, além de matérias investigativas e revelações dos bastidores de importantes investigações e da política.