
Com a pavimentação do Caminho da Neve, o trajeto turístico entre Florianópolis e Gramado poderá ser encurtado em 100 quilômetros. Partindo da Região das Hortênsias, na Serra Gaúcha, o percurso seria por entre cidades como Bom Jesus, São Joaquim e Urubici.
Um dos empresários envolvidos com a iniciativa é Jaziel de Aguiar Pereira. Ele já atuou como presidente do Conselho de Turismo de Bom Jesus e está há mais de 15 anos engajado com o projeto. Para ele, uma ligação viária de qualidade vai unir dois polos indutores do turismo, oferecendo uma alternativa logística e estratégica para os Estados, diminuindo, inclusive, custos para escoamento de produtos.
Conforme os estudos preliminares, faltam cerca de 51 quilômetros de asfalto para essa interligação. Do lado do Rio Grande do Sul, restam pavimentar 40,7 quilômetros, pela BR-438. Em Santa Catarina, o trecho é de 10,3 quilômetros. “Estimamos um impacto econômico anual superior a R$ 200 milhões nos municípios diretamente beneficiados por esse caminho”, prospecta Jaziel.
No último mês, autoridades promoveram uma audiência pública em Santa Catarina para atualizar as informações sobre o projeto. Na oportunidade, membros da gestão estadual catarinense destacaram que há interesse em realizar as obras para concluir a pavimentação da SC-114 até a Ponte das Goiabeiras, que foi finalizada no ano passado, e faz divisa entre os dois Estados.
O ponto que ainda não se tem expectativa é na parte gaúcha. Desde 2018, o trecho foi federalizado. O grupo busca diálogo com o Ministério dos Transportes para incluir a obra no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para que o sonho possa ser concretizado.
O Ministério dos Transportes destaca que tem acompanhado a demanda da pavimentação e que está mantendo diálogo com representantes locais e regionais, inclusive, realizando reuniões. “Vale destacar que a inclusão de qualquer novo projeto depende da realização de estudos prévios de viabilidade técnica, econômica e ambiental, além do planejamento setorial adequado”, ressalta a equipe da pasta federal.
Em razão da etapa preliminar em que o tema se encontra, ainda não há estimativas de custo ou prazos definidos para execução da obra.
Segundo Jaziel, a pavimentação do Caminhos da Neve é uma pauta recorrente há quase 60 anos. Contudo, outras vias foram sendo priorizadas ao longo dessas décadas, mas que é hora de fazer com que o assunto vire rotina nas conversas entre políticos e grupos econômicos. “A região de Bom Jesus tem muito a desenvolver. Estamos em um nível mais iniciante, mas, a partir do momento que tivermos essa infraestrutura, abrimos horizontes logísticos e também uma nova forma de viajar, sem precisar passar pelas BRs-116 e 101”, acrescenta.
Trabalho em conjunto
“Temos relatos de pessoas que estão na serra catarinense e querem conhecer a gaúcha também, mas desistem do passeio por causa do trajeto”, argumenta Jaziel, salientando que, com o novo asfalto da RS-373, o Caminhos da Neve criaria uma nova rota também entre as capitais, Florianópolis e Porto Alegre.
O prefeito de Gramado, Nestor Tissot, participou da audiência que ocorreu, em São Joaquim, em Santa Catarina. Ele cita as dificuldades no trajeto e as péssimas condições das estradas, precisando até mudar de rota porque a passagem pelo Rio dos Touros estava submersa.
Para Nestor, é preciso união entre todos para que o projeto saia do papel. “Quero me incluir nessa luta e vamos fortalecer a nossa economia através desse novo trajeto”, atesta.
“Não podemos ficar atrasados”
Para o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, a integração dos Estados pelo Caminhos da Neve é fundamental. “Gramado e Florianópolis são os extremos, mas temos muitas atrações pelo caminho. As nossas cidades serranas são únicas no Brasil”, cita.
“O mundo está cada vez mais virtual e conectado, mas nós precisamos dessa conexão física. Precisamos ter estrada não só para as pessoas se deslocarem, mas também as cargas. A logística hoje em dia é o que manda no mundo. O país mais desenvolvido é aquele que melhor fizer sua logística e nós não podemos ficar atrasados nisso”, corrobora. Topázio.