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Epidemia de acidentes com motos provoca debate em SC

MPSC promove reunião para debater medidas de mitigação e prevenção

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Epidemia de acidentes com motos provoca debate em SC
Acdente no sábado deixou um motoboy morto na Beira-Mar Norte. foto: divulgação

Andar de motocicleta nas áreas urbanas em Santa Catarina tem se tornado uma tarefa cada vez mais perigosa, representando riscos à segurança, à saúde pública e à própria mobilidade. Isso se revela diante da enorme quantidade de acidentes com motos no trânsito, onde só na Capital são cerca de 130 mil motos em circulação.

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Um encontro organizado pela 30ª Promotoria de Justiça da Capital, na terça-feira (1º), reuniu diversas instituições ligadas ao tema para debater os impactos que recaem sobre a sociedade, a fim de buscar medidas preventivas acerca da situação.

Dados repassados pelo Detran apontam uma média de 30 mil multas mensais no Estado aplicadas a motociclistas, sendo que 17 mil são relacionadas a excesso de velocidade. Por conta disso, o resultado da imprudência é o grande número de acidentes com motos, que somam 21 mil sinistros só em 2024.

Não menos alarmantes são os reflexos na área de atendimento de urgência e emergência e nos hospitais. Só o SAMU atendeu nos nove meses de 2024 um total de 3.857 vítimas de acidentes com motos. Além disso, em se tratando de acidentes de trânsito, o Corpo de Bombeiros Militar revela que 40% dos atendimentos diários são relacionados a motociclistas.

No Hospital Regional de São José, só os atendimentos de acidentes leves, registrados no setor de enfermaria, representam um custo diário de R$ 5 mil reais. Em acidentes graves, que exigem longos períodos de recuperação, esse valor pode chegar a R$ 170 mil por paciente.

Números maiores

Ainda, segundo a Rede Vida no Trânsito, entidade ligada ao Ministério da Saúde, em 2023 foram 16 mortes envolvendo motocicleta, só em Florianópolis. De janeiro a agosto deste ano, já foram 11 mortes computadas na capital.

Todavia, a entidade alerta que os números tendem a ser maiores, uma vez que os dados são coletados num período de até 30 dias após o acidente. Em muitos casos, devido a um ou mais procedimentos cirúrgicos, o paciente vem a óbito depois desse prazo. 

Integração do trabalho

De acordo com o titular da 30ª PJ da Capital, Promotor de Justiça Daniel Paladino, o objetivo do encontro foi integrar o trabalho das diversas áreas, tendo como desafio inicial promover a unificação dos números e estatísticas colhidos pelas instituições envolvidas, entre elas, o Corpo de Bombeiros Militar, a Polícia Militar, a Polícia Rodoviária Federal, a Secretaria de Estado da Saúde, a Prefeitura de Florianópolis, o Detran, representantes da classe médica que atuam nas emergências dos hospitais, SAMU, Guarda Municipal, Rede Vida no Trânsito, Fenamoto, CDL e os Conselhos de Segurança.

A partir dessa integração, Paladino defende uma ação efetiva das autoridades no que concerne à redução desses sinistros, principalmente humanos.

“Hoje à tarde recebemos uma grande quantidade de órgãos públicos, autoridades médicas e órgãos de trânsito, buscando iniciar um trabalho que eu considero inédito, em termos de Brasil, que é sobre o número de ocorrências e a letalidade envolvendo motocicletas aqui na nossa cidade. Assim como são crescentes os números de acidentes, também é grande o número de fatalidades de pessoas que acabam perdendo as suas condições de trabalho, em situação de incapacidade laboral e até de incapacidade para seus afazeres do dia a dia, impactando também o sistema de saúde. Com a união de esforços, certamente encontraremos caminhos para diminuir esses números que hoje assustam bastante”, afirmou.

Segundo Paladino, ficou acordado que o grupo de trabalho vai atuar a partir dos seguintes eixos: conscientização, educação, fiscalização efetiva dos veículos e ações de engenharia de trânsito, como forma de corrigir pontos de risco, aprimorar a sinalização e, possivelmente, criar faixa exclusiva para motos. Ouça um áudio do promotor Daniel Paladino:

Tragédias quase todo dia

Também ficou definido que o grupo vai promover outras reuniões mensais e será criado um canal de WhatsApp para a efetiva troca de informações entre os participantes. A próxima está prevista para final de novembro.

Uma das tragédias mais recentes ocorridas no trânsito da Capital envolvendo motociclistas foi no sábado (28). O motoboy Everton Machado, de 34 anos, morreu ao ser atingido por um automóvel desgovernado, no cruzamento da avenida Beira-Mar Norte com a Mauro Ramos.

O carro foi parar sobre o chafariz em frente ao Hotel Majestic. O motorista estava embriagado e foi preso. Everton foi socorrido às pressas, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital, deixando esposa e duas filhas pequenas.