Chegou a hora dos dois primeiros catarinenses envolvidos nos ataques de 8 de janeiro acertar as contas com a Justiça. Após condenar os 20 primeiros réus do processo que julga os atos antidemocráticos que vandalizaram os prédios dos Três Poderes em Brasília, o Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos nesta segunda-feira (23) para condenar uma nova leva com oito acusados. Entre eles, a empresária Raquel de Souza Lopes, de 51 anos, moradora de Joinville, e Gilberto Ackermann, de 49, de Balneário Camboriú.
Até o momento, seis ministros acompanharam o voto do relator das ações penais, ministro Alexandre de Moraes, pela condenação dos dois catarinenses e outros seis réus. Apesar do entendimento, o tamanho da pena ainda não foi definida diante de divergências no cálculo final das condenações. O julgamento dos processos é realizado na modalidade virtual e será finalizado às 23h59, quando as penas poderão ser estabelecidas.
Na modalidade virtual, os ministros inserem os votos no sistema eletrônico e não há deliberação presencial. O julgamento é aberto com o voto do relator. Em seguida, os demais ministros passam a votar até o horário limite estabelecido pelo sistema.
Quem são Raquel e Gilberto
Gilberto Ackermann foi preso dentro do Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, e permaneceu preso até 7 de agosto, quando saiu para aguardar o julgamento em liberdade. Ao ser interrogado após a prisão e durante o processo, disse que foi a Brasília para se manifestar “pacificamente”. Também afirmou que a polícia estava orientando as pessoas a entrarem no Palácio do Planalto, “tendo em vista o conflito violento que ocorria na área externa”.
Gilberto contou que, ao entrar no prédio, disse que já havia “diversos bens quebrados” e que não participou do vandalismo. Ele também afirmou que não tinha a intenção de “implantar um novo regime” ou depor o governo, e que não acredita em fraude nas urnas.
Interrogado sobre como tomou conhecimento das manifestações que haveriam em Brasília, Gilberto afirmou que ficou sabendo pelas redes sociais, pagou sua própria viagem e “levou consigo apenas uma bandeira do Brasil”. Também declarou “que não coaduna com vandalismo, que nunca foi conduzido para uma Delegacia de Polícia”.
Raquel de Souza Lopes também foi presa dentro do Palácio do Planalto. Ao ser detida, afirmou que não quebrou nada e que estava no local junto com sua irmã para participar de manifestações. Segundo seu depoimento, ela se perdeu da irmã e entrou no Planalto para procurá-la, momento em que disse que bombas começaram a explodir. Ela, então, resolveu seu abrigar no interior do prédio.
Em seu interrogatório, Raquel afirmou que veio a Brasília “com intuito de orar pelo novo presidente eleito”. No entanto, nas suas redes sociais estão centenas de postagens de apoio a Bolsonaro e ódio a Lula e ao PT.
Raquel Lopes afirmou ter pago R$ 100 de passagem em um ônibus fretado até a Capital Federal. Também disse “que não pretendia auxiliar a depor o governo, que jamais faria isso, pois, até 31 de dezembro, orava pelo antigo governo, e, a partir de 1º de janeiro, passou a orar pelo novo governo”.
Os advogados de Raquel disseram que ela não rompeu barreiras ou grades para entrar no Planalto e que não depredou nenhum bem. Raquel teve sua prisdão revogada em 8 de aghosto, um dia após Gilberto.
Além de Raquel e Gilberto, também estão sendo julgados nessa nova leva Felipe Feres Nassau, Cibele da Piedade Ribeiro, Charles Rodrigues dos Santos, Orlando Ribeiro Junior, Fernando Placido Feitosa e Fernando Kevin da Silva.