
A brasileira Katiuscia Torres Soares, mais conhecida como Kat Torres, 34 anos, foi condenada a oito anos de prisão por tráfico humano e trabalho análogo à escravidão. As informações são dos jornais O Globo e BBC News Brasil.
A decisão foi expedida pelo juiz da 10ª Vara Federal fluminense Marcelo Luzio Marques Araújo no dia 28 de junho, mas só foi divulgada nesta semana. Ela está presa no Brasil desde novembro de 2022.
As investigações contra a “falsa guru” começaram em 2022, após duas jovens brasileiras que estavam nos EUA serem dadas como desaparecidas. A única informação que as famílias tinham era de que elas estariam morando com Kat.
O caso virou reportagem no “Fantástico”, da Rede Globo, e por conta da repercussão, uma suposta vítima anterior de Kat e outras ex-clientes contataram agências de segurança, incluindo o FBI, para denunciar a influenciadora. As investigações teriam levado os policiais a encontrar perfis das mulheres desaparecidas em sites de prostituição, conforme a BBC.
Com o avanço do trabalho de investigação, a influenciadora fugiu com as vítimas para Maine, a cerca de três mil quilômetros do Texas, onde morava. Ao chegarem, as três mulheres prestaram depoimento em uma delegacia local. Os oficiais identificaram comportamentos que condiziam com os de vítimas de tráfico humano, como detalhado em uma reportagem especial da rede britânica.

Quem é Kat Torres
Kat é uma ex-modelo e influenciadora paraense, natural de Belém. Ainda na adolescência, se mudou para o Rio de Janeiro para tentar a carreira de modelo. No Exterior, fez trabalhos para Victoria’s Secret, Gillette, L’Óreal e outras grifes.
Em 2017, Katiuscia resolveu tentar a carreira de autora, com a publicação do livro A Voz. Em entrevista para a Rede TV, na época, a influenciadora afirmou ter escrito a partir de uma voz que vivia em sua cabeça, além de dizer que era capaz de se comunicar com alienígenas.
A partir disso, Kat passou a se definir como life coach. Ela criou um curso em que prometia evolução espiritual, sucesso nas finanças e em relacionamentos amorosos. As aulas serviram de isca para atrair possíveis vítimas.
De acordo com as vítimas, a coach as recrutava por meio das redes sociais para ir morar com ela nos Estados Unidos. Em um dos casos, chegou a comprar uma passagem de avião para que a vítima deixasse sua casa na Alemanha e fosse encontrá-la.
Uma das vítimas, identificada como Desirrê Freitas, disse que Kat a pressionou a trabalhar em um clube de striptease. Caso não aceitasse, a vítima teria que devolver o dinheiro gasto pela influenciadora com ela, como passagens aéreas, hospedagem, móveis para o quarto e até mesmo os custos de “rituais de bruxaria” supostamente feitos por Kat.