
Um homem de 58 anos foi condenado nesta semana a dois anos e 10 meses de prisão por crime de racismo, em Tijucas, na Grande Florianópolis. O réu poderá cumprir a pena em regime aberto, mas ainda pode recorrer ao Tribunal de Justiça, aguardando pelo julgamento do recurso em liberdade.
O crime aconteceu no final de 2023, dentro de uma agência bancária da cidade, e foi flagrado por câmeras do circuito interno do prédio. As imagens mostram que o homem entrou na agência, mas não conseguiu passar pela porta giratória. Ele portava celular, molho de chaves e outros objetos metálicos no bolso. O vigilante que estava no plantão, Eric Santana dos Santos, de 47 anos, orientou o cliente a colocar os materiais numa gaveta coletora transparente, procedimento normal para todos os usuários nesses casos.
No entanto, o cliente preferiu reagir com violência. Ele passou a xingar outro funcionário que orientava o auto atendimento e depois disso também esbravejou contra o vigilante. Em seguida, o agressor fez gestos obscenos com as mãos e fez imitações de um macaco, antes de deixar o local.
Eric, que trabalha há 10 anos como vigilante, conseguiu anotar a placa do veículo do agressor e, dessa forma, identificou seu endereço. Com base no depoimento de testemunhas e também com as imagens das câmeras, o vigilante registrou o caso na Polícia Civil.
O processo foi parar na Justiça e a comarca de Tijucas confirmou a condenação por crime de racismo nesta semana. O Judiciário mantém o caso em segredo de Justiça e por conta disso o nome do criminoso segue sendo preservado. Agora, o recurso deve ser julgado no Tribunal de Justiça e, caso a sentença seja confirmada, o agressor terá que cumprir sua pena passando as noites na prisão.
A Unegro/SC, entidade que atua no combate ao racismo e em defesa das comunidades negras em Santa Catarina, se manifestou sobre o caso através de uma Nota Oficial. Confira a íntegra deo documento:
“Nota de Repúdio ao racismo institucional sofrido pelo Vigilante Eric Santana dos Santos.
A Unegro vem a público se manifestar seu maior profundo Repúdio ao episódio de racismo institucional .
O caso aconteceu numa cidade próxima a Florianópolis e chegou a instituição da Unegro através de uma Militante da Unegro do Acre , onde sua irmã trabalha no mesmo local.
Esse caso infelizmente não é um caso isolado em Santa Catarina é um reflexo da estrutura racista profundamente enraizada em alguns locais e instituições Brasileiras que insiste questionar a legitimidade e a capacidade e o pertencimento de corpos negros em espaços públicos ou privados.
Quando um Vigilante negro é desrespeitado , não se trata de um mal entendido, mas sim de um projeto histórico de exclusão.
A Unegro reitera sua Solidariedade ao Senhor Eric que me recebeu para relatar o acontecimento, pois é meche numa ferida que está aberta
O Racismo é crime, é dever do Estado e da sociedade combatê-lo.
Por isso ficamos felizes por esse episódio de prisão aqui no nosso Estado. É um grande passo e temos que dar visibilidade e total apoio a essa vitória que entrará para a história.
Apesar da sua dor Eric, parabéns e sucesso em sua vida.
Jussara Pereira de Lima
Coordenação da UNEGRO SC“