Indígenas Guarani que vivem numa aldeia em Araquari, em Santa Catarina, foram nesta semana mais uma vez vítimas de de ameaças e perseguições. Os autores são caçadores, madeireiros, desmatadores ilegais e groleiros de terras. A denúncia é do cacique Vilson Moreira, líder da aldeia Ka’aguy Mirim Porã, situada dentro da Terra Indígena Tarumã. De acordo com ele, um grupo retornava para casa após um dia de trabalho quando todos escutaram disparosfeitos com uma arma de fogo.
Umm dos tiros atingiu um cachorro de uma das famílias indígenas. Além disso, no boletim de ocorrência, que registrou na delegacia, Vilson destaca que, “a comunidade se sente sob ameaça constante. Está em alerta, e tem medo de se ferir com estes disparos”.
Os socorristas retiraram quatro balas de espingardas de pressão de um dos animais. Para Vilson, essa violência precisa de atenção urgente das autoridades. Ainda no boletim de ocorrência, ele ressalta que “estes incidentes de disparos já ocorreram outras vezes. Além disso a comunidade já solicitou fiscalização, e proteção dos órgãos competentes. “São pessoas estranhas que circulam dentro da Terra Indígena, a comunidade tem medo de se ferir por estes disparos e se sentem ameaçados”.
Animal ferido
Do mesmo modo, em um documento encaminhado especialmente ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, Ministério dos Povos Indígenas, Fundação Nacional dos Povos Indígenas, os Guarani solicitam urgência no trâmite do processo de homologação desse território, além das medidas urgentes de proteção.
“Essas violências são formas de intimidação, esses disparos já ocorreram outras vezes e a comunidade já solicitou fiscalização e a proteção”, completou o cacique.
“Todas essas violências são formas de intimidação, fazem isso para chamar atenção. Feriram um animal e temos medo que possam ferir nossas famílias, as crianças, podem atirar em nós”, destacou a liderança.
Em 2022, outro ataque destruiu casa de reza
Em matéria que o Conselho Indigenista Missionário postou em março de 2022, quando a comunidade “sofreu com a queima da casa de reza, moradia, instrumentos e objetos de importância espiritual”, se destacou já naquele momento que a comunidade enfrentava ofensivas graves.
Apesar de enfrentar um processo de reintegração de posse na Justiça Estadual, a TI Tarumã é uma Terra Indígena declarada há mais de 12 anos: em 2008, os estudos de identificação e delimitação da TI foram aprovados por relatório da Fundação Nacional do Índio (Funai) e, em 2009, ela teve sua portaria declaratória publicada pelo Ministério da Justiça. A aldeia Ka’aguy Mirim Porã, surpreendida pelo ataque na semana passada, é um dos três núcleos que compõem a TI. – diz a matéria.
Cléber Buzatto, do Conselho Indigenista Missionário Regional Sul, equipe Florianópolis, manifestou solidariedade em nome do Cimi à comunidade Guarani de Araquari e cobrou das autoridades uma efetiva segurança. “Os Guarani da TI Ka’aguy Mirim Porã são vítimas recorrentes das ações de violências e esbulho territorial. Assegurar a sua proteção é garantir um direito constitucional e impedir que outras violações e crimes sejam praticados contra eles”, finalizou.