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Foragido, Faraó dos Bitcoins é preso em imóvel de luxo em SC

Suspeito chegou a remover uma tatuagem do braço para não ser reconhecido

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Foragido, Faraó dos Bitcoins é preso em imóvel de luxo em SC
Gleidison estava foragido desde 2022. Foto: divulgação

A Polícia Militar localizou e prendeu no bairro Jurerê, no norte da Ilha, em Florianópolis, um homem que estava foragido da Justiça desde 2022, apontado como um dos líderes de um grupo criminoso que atuava com fraudes e pirâmide financeira. Glaidson Acácio dos Santos, de 41 anos, estava num imóvel de luxo e era conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”.

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O grupo mantinha até mesmo uma criptomoeda própria, similar ao Bitcoin, mas não tinham autorização para operar como instituição financeira. A prisão de Glaidison ocorreu na noite de terça-feira (28). Para tentar escapar e não ser reconhecido, o suspeito chegou a se submeter a procedimentos de harmonização facial e removeu uma tatuagem que tinha no braço.

As condenações contra os envolvidos ocorreram em 2022, entre eles a de Glaidison, o Faraó dos Bitcoins, quando a Polícia Federal desarticulou a organização criminosa, especializada na captação de recursos de investidores sob o pretexto de buscar aplicações bastante rentáveis no sistema financeiro. O grupo contava com uma pessoa jurídica proprietária de uma criptomoeda própria, mas não possuía autorização para funcionar como instituição financeira. A operação deflagrada há dois anos tinha o “Faraó das Bitcois”, como um dos alvos.

As investigações foram iniciadas após prisão em flagrante de dois membros do grupo e seu segurança particular, em 2021, na cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Eles foram flagrados com US$ 100 mil dólares em pedras preciosas (esmeraldas), sem a documentação comprobatória. Com o andamento das investigações, foi possível verificar que os envolvidos possuíam relação com uma entidade religiosa, o que possibilitou a identificação de outros envolvidos.

Foto: divulgação

Segundo a Polícia Federal, os investigados criaram uma rede de seguidores e colaboradores na internet, causando prejuízos a “investidores” brasileiros, europeus e, principalmente, residentes da América Latina. O esquema comandado pelo faraó dos Bitcoins movimentou recursos da ordem de milhões de dólares e prejuízos para mais de 1,3 milhão de pessoas em todo o mundo, alegando ataque de “hackers”, auditorias e mentiras.

Os investigados ostentam uma vida luxuosa nas redes sociais. Postam imagens de viagens internacionais para Dubai, Cancún e Europa. Mostram veículos importados de altíssimo padrão, ostentam muito ouro, roupas de grifes de altíssimo padrão, pagamento de camarotes de shows e fotos acompanhados com personalidades conhecidas. Exibem matérias jornalísticas propagando terem se tornado multimilionários com o negócio e propondo ajudar pessoas a se tornarem milionárias, tudo de modo a buscar atrair mais pessoas para o golpe.

Na época, a Justiça determinou a suspensão das atividades econômicas de 26 pessoas jurídicas, inclusive de uma igreja utilizada na movimentação e lavagem de recursos do esquema financeiro. As ações acontecem nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão e Santa Catarina.

Quem é o Faraó dos Bitconis

Natural de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, Glaidson é um ex-garçom e ex-pastor evangélico. De acordo com a Polícia, seu esquema financeiro conseguiu roubar cerca de 9 bilhões de reais de vários clientes. Além disso, ele também é acusado de liderar um grupo de extermínio de rivais na região de Cabo Frio, que teria assassinado o trader e YouTuber Wesley Pessano, de 19 anos, que foi assassinado a tiros em janeiro de 2021 em São Pedro da Aldeia, Região dos Lagos. Também é investigado pela tentativa de homicídio de Nilson Alves da Silva, o Nilsinho, investidor de criptomoedas que também foi alvejado por tiros a mando do Faraó tendo ficado tetraplégico após o incidente.

História

Glaidson vivia uma vida comum até meados de 2015, depois de servir temporariamente ao treinamento a pastor da Igreja Universal e logo depois como garçom, abriu sua primeira empresa, que juntamente com outras quatro, tinham um valor de capital de 136 milhões de reais. Por volta de 2017, grandes movimentações financeiras ocorreram em sua conta bancária, quando o mesmo morava em um bairro pobre de Cabo Frio (RJ) vindas através de bitcoins supostamente financiados pelo tráfico de drogas.

Uma de suas empresas era a G.A.S Consultoria & Tecnologia (conhecida pelos investidores simplesmente por G.A.S) que prometia retorno de mais de 10% do valor investido sobre empréstimos via bitcoin.

Multas, condenação e prisão

Em 24 de janeiro de 2024, a venezuelana Mirelis Diaz Zerpa, a esposa de Glaidson, foi presa em uma operação de uma colaboração entre a Polícia Federal do Brasil, o U.S Immigrations and Customs Enforcement (ICE) e o Serviço Secreto norte-americano em Chicago, nos Estados Unidos, após ser declarada foragida desde 2021.

Candidatura

Glaidson chegou a concorrer a deputado do Rio de janeiro pelo partido “Democracia Cristã”, mesmo sendo indiciado e preso por fraude fiscal, o mesmo conseguiu cerca de 37 mil votos, porém, não chegou a ser eleito.