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Ex-assessor da Prefeitura de Florianópolis é investigado por fraude

João da Luz recebia presentes em troca de favores, como um par de chinelos importados

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Ex-assessor da Prefeitura de Florianópolis é investigado por fraude
João da Luz, ex-secretário de Topázio. Foto: divulgação

A investigação da Polícia Civil de Santa Catarina que culminou na prisão do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), encontrou nesta semana desdobramentos que agora envolvem um ex-assessor do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PSD). Assim que a Justiça retirou o sigilo da denúncia ao Ministério Público, a operação batizada de “Ceronte”, que depois deu início a outra operação, a “Mercadores da Morte”, revelou novos detalhes.

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Uma das novidades aponta que o ex-secretário de Limpeza e Manutenção Urbana de Florianópolis e também ex-presidente da Comcap, João da Luz, é suspeito de receber presentes caros e viagens para facilitar práticas ilegais que prejudicavam os consumidores. Entre os presentes recebidos como propina, está até um par de chinelos importados, avaliado em R$ 4 mil. A situação foi revelada em primeira mão pelo Jotrnal O Globo, na noite de terça (24) e ganhou repercussão nacional.

Além do prefeito de Criciúma, outras 15 pessoas também foram presas. A denúncia do MP indica que os suspeitos operavam como um cartel. Diante disso, os preços e a qualidade dos serviços prestados em Florianópolis eram todos controlados por esses indivíduos.

Presente de funerária

No caso de João, um dos exemplos citados na sentença é o de um chinelo da marca francesa Hermès, avaliado em cerca de R$ 4 mil. O item teria sido comprado por um empresário de funerária, com o intuito de recompensar o então servidor público. A apuração dos promotores mostra o pedido feito pelo secretário e uma nota fiscal no mesmo valor da compra.

João hoje coordena a campanha de Topázio à reeleição na Capital. Foto: divulgação

Amigo pessoal do dono de uma das funerárias da cidade, João da Luz usou da função que ocupava para editar decretos favoráveis às empresas do grupo. A averiguação aponta que ele retirava fiscais que deveriam supervisionar as atividades das empresas do ramo, estendia prazos de vigência dos contratos administrativos de maneira ilegal e influenciava as renovação das concessões para exploração de serviços funerários.

João foi nomeado secretário em Florianópolis em 2023, pelo prefeito Topázio Neto, que agora busca a reeleição. João exercia a função mesmo após o início das investigações. A renúncia aconteceu em abril deste ano, quando deixou a pasta para atuar na coordenação do PL na cidade e na campanha de reeleição de Topázio.

A Polícia apurou que as práticas ilegais teriam gerado diferentes prejuízos aos consumidores, segundo o Ministério Público. Dentre elas, a redução intencional da qualidade dos caixões tabelados e gratuitos, vendas casadas, inviabilização de serviços assistenciais para famílias carentes e indução ou constrangimento para aquisição de trabalhos desnecessários.

Modus Operandi

As investigações seguem em andamento. Agora, as autoridades tentam apurar a extensão do esquema, que teve início em Florianópolis e se expandiu a outras cidades, além de identificar possíveis ramificações da atividade ilegal em outras esferas da administração pública.

Segundo os promotores do caso, a partir das interceptações telefônicas é possível concluir que a quadrilha teria expandido a atuação e “introduzindo o esquema para Criciúma, utilizando de mesmo modus operandi.”

Há 10 meses, policiais e promotores públicos cumpriram 32 mandados de busca e apreensão em Florianópolis, Criciúma e São José  Na ocasião, mais de R$ 200 mil em dinheiro R$ 340 mil em cheque foram apreendidos pelos agentes. Na lista de apreensões haviam ainda US$ 2 mil dólares e documentos.

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