
Um vereador e seis advogados estão entre os 13 presos na Operação Entre Lobos. A ação foi promovida nesta semana pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas). A investigação mira um esquema de fraudes milionárias contra idosos.
A operação foi deflagrada em cidades de Santa Catarina, Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul e Alagoas. Alguns dos suspeitos presos estão ligados a atividades jurídicas.
Assim, a ação policial desmantela um esquema de fraudes bancárias contra idosos, aposentados e pessoas vulneráveis no Brasil.
Em Santa Catarina, os policiais prenderam sete pessoas em diferentes regiões do estado. Em Chapecó, foram dois advogados. Já em Xanxerê, outra advogada. Perto dali, em Xaxim, um advogado e atual vereador do município foi para a prisão preventivamente. As outras três prisões ocorreram em Pinhalzinho, Itapiranga e Irineópolis, todas mulheres.
Prisões em outros estados
No Rio Grande do Sul, policiais prenderam um homem. Já no Ceará, duas advogadas e um cientista em inteligências jurídica aplicada foram presos preventivamente. Na Bahia, um casal de advogados de Chapecó que estava em viagem foi para a prisão.
A Câmara Municipal de Vereadores de Xaxim informou que não emitirá posicionamento sobre o assunto. Tendo em vista que não há qualquer vinculação com o mandato legislativo. A Casa Legislativa informou ainda que o vereador investigado solicitou licença do mandato.
A OAB/SC informou, em nota, que está acompanhando o caso desde que recebeu a comunicação pela autoridade policial para acompanhar as diligências. A instituição acompanhou as buscas, apreensões e prisões, que exigiam a sua participação.
Neste momento, a OAB/SC diz que segue monitorando os desdobramentos da operação e aguarda os relatórios para avaliação pelo setor de Ética, que irá analisar se há necessidade de medidas disciplinares, como eventual suspensão do exercício profissional dos advogados envolvidos.
Advogados envolvidos
“Destacamos o trabalho coordenado pela nossa Diretoria de Defesa de Prerrogativas e sua equipe, que desde o início tem atuado com total diligência no acompanhamento do caso junto aos advogados envolvidos, conforme previsão legal”, disse a Ordem.
A OAB/SC destaca que lamenta profundamente qualquer situação que envolva advogados em fatos dessa natureza, mas reforça que permanece atenta, firme e atuante em defesa da legalidade e da ética profissional.
Da mesma forma, a OAB de Chapecó informou, por meio de seu presidente, o advogado Guilherme de Oliveira Matos, que está acompanhando a situação e aguarda a conclusão das investigações para, posteriormente, se for o caso, vai instaurar um procedimento administrativo disciplinar.”
Como se descobriu o esquema de fraudes milionárias contra idosos?
O Gaeco descobriu o esquema de fraudes milionárias quando vítimas procuraram a Promotoria de Justiça de Modelo, no Oeste de Santa Catarina, para relatar os prejuízos que sofreram.
A partir daí, o Gaeco identificou dois escritórios de advocacia com nomes de fachada, mais de 200 vítimas e mais de R$ 30 milhões bloqueados pela Justiça.
Conforme o coordenador estadual do Gaeco, Wilson Paulo Mendonça Neto, os presos são suspeitos de envolvimento em uma organização criminosa que operava um esquema interestadual de estelionato contra pessoas idosas com fraudes milionárias.
Além de desarticular o esquema, o Gaeco busca punir os responsáveis e ressarcir as vítimas afetadas pelo golpe.
Mendonça também detalhou a operação, mencionando que os criminosos tinham ramificações em pelo menos quatro estados, além de Santa Catarina, onde aplicavam as fraudes milionárias.
A organização atua desde o final de 2022, e o golpe começava quando os captadores buscavam as vítimas em casa, oferecendo um serviço de revisão de contratos bancários.
Após assinarem os documentos, as vítimas eram procuradas apenas quando o processo judicial já estava perto da sentença ou em fase final.
Em muitos casos identificados pela investigação, as sentenças já haviam sido proferidas e o ganho judicial já existia. Mesmo assim, os golpistas voltavam a procurar as vítimas, sem fornecer qualquer informação sobre o processo ou os valores a que tinham direito.
Aproveitando a vulnerabilidade e o desconhecimento das vítimas, os criminosos ofereciam valores baixos, entre R$ 1,5 mil e R$ 3 mil, em troca da cessão do crédito, que muitas vezes ultrapassava os R$ 100 mil.