Uma pesquisa realizada em Santa Catarina pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFSC que buscou mapear e caracterizar a oferta e a realização de abortos previstos em lei no Brasil foi destaque esta semana numa reportagem da Globo News. A pesquisadora Marina Jacobs, autora da pesquisa, concedeu entrevista para o canal na quarta-feira (12).
Marina explicou que a criminalização do aborto gera diversas dificuldades para as pessoas acessarem esse serviço. Muitas vezes, quando conseguem chegar ao serviço, são solicitados documentos desnecessários ou as pessoas são tratadas com desconfiança, pontuou a pesquisadora.
Sua pesquisa mostra que apenas 3,6% dos municípios brasileiros oferecem o serviço de aborto legal nas redes de saúde. Ela também traz foco para a estimativa de que 20 mil mulheres engravidem por estupro a cada ano no Brasil, enquanto são realizados 2 mil abortos legais por ano no país.
“A gente está obrigando essas pessoas a parir?”, questiona Marina, que também alerta para o risco de essas pessoas buscarem formas de aborto clandestinos e potencialmente inseguros.
Utilizando dados públicos do ano de 2019, a pesquisa da UFSC revela o quanto é desigual o acesso aos serviços legais de interrupção de gravidez no país.