Região Blumenau

Hospital Santa Isabel é o maior transplantador de órgãos de SC

Referência nacional, instituição atende pacientes de várias cidades catarinenses

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Hospital Santa Isabel é o maior transplantador de órgãos de SC
Foto: Suelen Eskelsen / Hospital Santa Isabel

O Hospital Santa Isabel (HSI), instalado em Blumenau, é o principal transplantador de órgãos de Santa Catarina, segundo dados da SC Transplantes. Referência nacional em serviços de alta complexidade, a instituição realiza os procedimentos para transplantes de coração, córnea, rim, fígado e pâncreas-rim.

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O serviço, que hoje atende pacientes de várias cidades do estado, começou em 1980 e já realizou mais de 4 mil procedimentos, proporcionando a milhares de pessoas chances de vida nova. Tudo isso é possível graças a conscientização e solidariedade da população sobre a doação de órgãos.

De janeiro a maio de 2024, foram 18 famílias que autorizaram a doação de múltiplos órgãos de seus entes queridos em Blumenau, fazendo o Hospital Santa Isabel alcançar o maior número de doações de Santa Catarina. Somente neste período, a instituição realizou 124 transplantes de órgãos: 76 rins, 35 fígados, três corações, três pâncreas-rim conjugados e 7 córneas – estes dados incluem órgãos captados em outros hospitais.

No Hospital Santa Isabel, o Ambulatório de Transplantes atende dezenas de pacientes diariamente, que vêm até a instituição para consultas pré e pós-transplante. Os pacientes contam com a equipe multiprofissional, formada por psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, assistente social, farmacêuticos, além da equipe assistencial, administração e apoio.

O trabalho é baseado no acolhimento, avaliação, preparo e enfrentamento emocional desde quando o paciente entra na fila de espera até o dia em que recebe alta hospitalar, e continua durante o pós-transplante de acordo com a necessidade.

Outra chance

Um dos receptores de rim foi o do sr. Gerson Luiz, um caminhoneiro de 63 anos de idade, morador de Navegantes. Com apenas 20% da função renal, sua condição se agravou com a pandemia, manifestando sintomas gástricos, de diabetes, pressão alta, entre outros.

Depois de passar por vários tratamentos em unidades de saúde em Itajaí e Navegantes, recebeu um diagnóstico mais preciso de insuficiência renal e iniciou sessões de hemodiálise, que duraram um ano. Até que foi orientado a entrar na fila de transplante em outubro de 2023. Em abril deste ano, a ligação do HSI confirmando que teria um órgão disponível foi o momento mais esperado.

“Até chegar aqui eu não pensava muito em doação de órgãos. Transplante também parecia algo muito distante de acontecer, sabe? Mas é real, acontece! Eu vi tanta gente aqui em cinco dias sair bem. A gente só tem a agradecer isso aqui, eles trataram a gente muito bem, vamos levar isso para a vida”, comenta a esposa do paciente, Nádia Ziem.

Com exames de compatibilidade, Gerson finalmente passou pela cirurgia. No início da internação, uma das tristezas foi deixar o emprego que tanto gostava, mas agora o trabalho não é a única prioridade.

“A primeira coisa que quero fazer quando sair do hospital é andar. É muita saudade da minha casa, da família. A minha vida sempre foi de segunda a segunda trabalhar e trabalhar, agora vou dar uma parada. Depois de tantos dias no hospital muita coisa passa pela cabeça, principalmente o lado da fé. Agora conseguimos dar mais valor às pequenas coisas: parar o dia para olhar a natureza, o sol, a gratidão de estar vivo”, afirma Gerson, emocionado.

Como caminhoneiro, sempre recebeu orientações sobre doações de órgãos, mas nunca havia pensado nisso com tanta proximidade. Hoje a doação está nos planos, não só dele, mas da família que teve uma nova visão.

“Eu acho que todo mundo que tem a possibilidade, deveria ser doador de órgãos. É triste quando um ente querido acaba falecendo, mas precisamos pensar que estamos salvando outra vida. Não somente a doação de órgãos, pois ele precisou de sangue, de plaquetas, tudo isso é muito importante, muda a vida inteira da pessoa. O Gerson nasceu de novo, teve uma outra chance na vida, por isso, toda noite eu faço uma oração para o doador”, conclui a esposa.

Gerson e a esposa Nádia

História dos transplantes no Hospital Santa Isabel

O serviço de transplantes de órgãos no Hospital Santa Isabel foi desenvolvido na década de 1980, com transplante renal. Ao longo da década de 2000, aconteceram os primeiros procedimentos de córnea, coração, fígado, pâncreas e pâncreas-rim conjugado.

Em 2016, o Hospital Santa Isabel foi reconhecido como hospital que realizou o maior número de transplantes de fígado no Brasil. Em 2017, a instituição foi eleita o melhor Hospital Transplantador de Santa Catarina. Em 2019, recebeu o mérito de hospital com o melhor resultado em transplantes de órgãos em Santa Catarina.