A possibilidade de paralisação dos atendimentos feitos pelo SUS no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, a partir do mês de julho, preocupa as autoridades da região. A medida poderia trazer sérios transtornos aos pacientes do Vale do Itajaí.
As áreas afetadas seriam Neurologia, Cardiologia, Oncologia e Pronto-Socorro. Para debater o tema, a Associação Empresarial de Blumenau (ACIB) recebeu nesta segunda-feira, em sua sede, o Secretário de Estado de Saúde, Diogo Demarchi Silva.
Saiba o que disse o secretário sobre o impasse
O secretário pontuou que na próxima sexta-feira (28) irá receber a direção da Rede Santa Catarina (RSC), administradora do hospital, para uma reunião. “O pleito do hospital é muito maior, mas já conversamos com a rede que não temos como aportar todo o valor que eles necessitam. Estamos realocando a oncologia (para o Hospital Santo Antônio) e agilizando o repasse de valores de emendas parlamentares”, explicou.
Silva sinalizou que, por hora, o valor das emendas é na ordem de R$ 7 milhões. Segundo ele, desde o final de 2022 o Governo do Estado está trabalhando na busca por uma solução. O secretário ainda enfatizou que o Estado não está trabalhando com a possibilidade de descontinuidade nos atendimentos.
Expectativa positiva por parte do hospital
O diretor executivo do Hospital Santa Isabel, Juliano Petters, declarou estar esperançoso com a reunião que ocorrerá no dia 28, mas fez um apelo que o Governo do Estado olhe para os hospitais de porte seis (classificação a qual a instituição faz parte).
“Nesse momento, as ações são lentas para as nossas necessidades. Esperamos ter respostas para que a rede entenda que é importante ficar com o hospital”. Ele ainda comentou que a luta pela melhora nos repasses não é apenas para o Santa Isabel, mas sim para o Santo Antônio, Hospital de Misericórdia e os demais hospitais do Estado.
O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, lembrou que os hospitais de Blumenau não atendem apenas a cidade, mas toda uma região e que são vistos como referência. “O município se dispõe a buscar alternativas, não podemos deixar que atendimentos parem e o Santo Antônio tenha que assumir, pois se isso ocorrer, ele terá que fechar as portas”, alerta.
O prefeito ainda afirmou que a lei orçamentaria prevê que o investimento de 15% do orçamento seja feito em saúde e a prefeitura investe além, chegando a 25%. O que todos os gestores concordam é que a tabela SUS precisa urgente de atualização, pois a última foi feita em 2013.
Para a presidente da ACIB, Christiane Buerger, é lamentável como o tema saúde é colocado em segundo plano e não recebe muitas vezes os recursos necessários. “Quando o assunto é saúde, precisamos de soluções e não apenas de debates”, refletiu. Ela espera que o assunto seja resolvido o mais breve possível e que a população não seja afetada com a suspensão de atendimentos.
Entenda o caso
Os problemas com relação aos custos gerados pelos atendimentos SUS no Hospital Santa Isabel se intensificaram a partir de 2022. A RSC alega que não há equilíbrio financeiro entre o repasse dos valores dos atendimentos feitos pelo SUS e os gastos gerados pelos mesmos.
Por isso, analisa fazer a renúncia dos atendimentos SUS se a Secretaria de Estado de Saúde não der uma solução definitiva para o problema. Atualmente cerca de 75% dos atendimentos da unidade são SUS e em 2023, o déficit nos repasses chegou a R$ 22 milhões.
O hospital é referência em 46 especialidades, atende pacientes de quase 100 cidades e os atendimentos via SUS na Cardiologia, Neurologia e Pronto Socorro podem se encerrar a partir de 1º de julho, conforme documento enviado para a Secretaria Municipal de Saúde, em fevereiro.
Os atendimentos de Oncologia também seriam afetados, mas devem ser absorvidos pelo Hospital Santo Antônio. Já os transplantes não seriam impactados.