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Cidade de SC reduz riscos de dificuldades de Aprendizagem e concorre a prêmio

Joinville aplica projeto com base na Neuropsicopegogia nas escolas públicas

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Cidade de SC reduz riscos de dificuldades de Aprendizagem e concorre a prêmio
Foto: divulgação

Uma cidade catarinense está chamando a atenção do Brasil ao mostrar que ciência e educação podem transformar vidas. Joinville, maior município do estado, desenvolveu um projeto na rede pública que reduziu em 88% o risco de dificuldades de aprendizagem em crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental.

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O estudo, que é finalista nacional no Congresso Aprender Criança 2025, usou técnicas da neuropsicopedagogia aplicadas diretamente em sala de aula. O resultado foi que entre 465 crianças com risco de dificuldades de aprendizagem, apenas 56 continuaram nesse grupo após o projeto — uma redução de 88%.

A iniciativa, conduzida em parceria entre a Secretaria Municipal de Educação de Joinville e o Laboratório de Inovações Educacionais e Estudos Neuropsicopedagógicos (LIEENP) da Faculdade CENSUPEG, aplicou atividades lúdicas e neurocientíficas com foco em atenção, memória e funções executivas. O trabalho envolveu 926 alunos de 2º e 3º ano, com acompanhamento de professores capacitados.

As intervenções foram aplicadas diretamente no ambiente escolar, com atividades lúdicas que combinavam movimento corporal, cores e formas, visando potencializar funções executivas como atenção, memória e controle inibitório — habilidades essenciais para a aprendizagem. Ao longo de sessões, professores previamente capacitados conduziram as atividades com os alunos, integrando a metodologia “Coordenando-se” no cotidiano das aulas.

Fabrício Cardoso (Faculdade CENSUPEG), e gestoras da Secretaria Municipal de Educação de Joinville, Simone Melo Verli Cabral e Suelen Flores de Souza Corrêa em SP nesta sexta-feira (18).

O coordenador do Laboratório, professor doutor Fabrício Cardoso, reforça que a “a aliança entre gestão pública, educação superior e inovação pedagógica fortalece a aprendizagem e posiciona Joinville como referência nacional em educação inclusiva”. Fabrício Cardoso acrescenta que a formação a qual os professores foram submetidos auxilia na compreensão de como o cérebro aprende, quais os sinais do desenvolvimento atípico, como adaptar práticas pedagógicas a diferentes estilos de aprendizagem e, acima de tudo, como olhar para cada estudante com mais empatia e técnica.

Além de melhorar o desempenho escolar, o projeto reduziu os encaminhamentos para os serviços de saúde. “Nas escolas que fizemos esse trabalho tivemos resultado extraordinário no aprendizado – quase 90% de redução de encaminhamento para os serviços de saúde, porque essas crianças tiveram na escola uma estratégia diferenciada, com ferramentas adequadas, baseadas na ciência”, comenta Diego Calegari, secretário de Educação de Joinville.

Segundo o diretor-presidente da Faculdade CENSUPEG, professor doutor Sandro Albino Albano, o impacto das ações ultrapassa os resultados acadêmicos. “Estamos preparando professores para entenderem os mecanismos da aprendizagem à luz das neurociências. Nossos projetos finalistas são fundamentados na ciência, voltados para a prática e com impacto social real”, afirmou.

Finalista nacional

O projeto é destaque no Congresso Aprender Criança 2025 que acorre entre os dias 17 e 19 de julho, em São Paulo, maior evento da América Latina sobre Neurociência e Educação, e concorre ao Prêmio Dica de Mestre, na categoria Educador. A cidade de Joinville é apontada como referência nacional no uso da ciência para transformar a educação pública.