
Um projeto que tramita na Assembleia Legislativa de Santa Catarina tenta impor regras mais rígidas para as vestimentas usadas em plenário. A ideia é proibir roupas femininas que revelem “seios, umbigos e coxas” nas dependências do Legislativo. Além disso, a iniciativa é da deputada Ana Campagnolo (PL), conhecida por suas posições anti-feministas e conservadoras. A proposta altera o Artigo 101 do Regimento Interno da casa. E ainda define, com riqueza de detalhes, o que se pode considerar vestimenta apropriada para todas as mulheres que frequentem a casa. Sejam elas deputadas, assessoras e demais servidoras.
Dessa forma, entre as restrições quer o projeto que tenta proibir roupas pretende regulamentar estão decotes, roupas transparentes, calças e saias justas e peças que exponham partes do corpo que, segundo o texto, não condizem com o “ambiente institucional”.
Além disso, na justificativa do projeto, o texto diz que “austeridade e seriedade” são exigências do cargo público e que o regimento atual é genérico ao tratar do traje dos parlamentares.
Patrulhamento dos corpos
O regimento atual da Casa já exige traje “a passeio completo”, mas sem especificar detalhes ou restrições.
As propostas geraram críticas de outros parlamentares, que consideram as medidas uma forma de patrulhamento dos corpos femininos.
Há duas semanas, a também deputada Paulinha Silva (Podemos) denunciou em plenário estar sendo vítima de violência política de gênero, justamente por conta de críticas que recebe em razão das roupas que costuma usar. Ex-prefeita de Bombinhas, no litoral Norte catarinense, Paulinha se referia às manifestações feitas pelo deputado Ivan Naatz (PL), num grupo de Whatsapp, onde o parlamentar criticou as vestimentas da colega.
Em 2019, a deputada Paulinha já foi alvo de críticas nas redes sociais por conta de sua roupa. Na época, uma seguidora chegou a escrever: “Gostaria de entender o motivo desses peitos de fora. Que vulgaridade!” A resposta da parlamentar veio à altura: “Visto-me como quero e não coaduno com valores moralistas que patrocinam a corrupção”, rebateu.