
Horas após ter sua residência em Brasília visitada pela Polícia Federal que cumpriu um mandado de busca e apreensão, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi às lágrimas durante uma entrevista que concedeu ao programa Pânico na TV. Ele declarou que vem sofrendo pressão nas 24 horas do dia, e admitiu que a operação policial desta vez “mexeu” com ele.
Mais cedo, os advogados do ex-presidente pediram à Justiça um adiamento do depoimento que a princípio estava marcado para esta quarta-feira (3). Segundo eles, Bolsonaro só deve depor depois que eles tiverem acesso a todos os documentos do processo que investiga uma suposta fraude nos dados sobre a vacinação contra a Covid-19.
“E por que eu fico emocionado? Mexeu comigo, sem problema. Quando vai para esposa, para filhos, aí o negócio é desumano”, disse o ex-presidente, que revelou ter sido bem tratado pelos policiais. Bolsonaro também contou que se emocionou no momento em que os agentes localizaram no seu apartamento o cartão de vacinação de Michelle, que também está sob suspeita de fraude. Jair Bolsonaro voltou a afirmar que não se vacinou, mas revelou que a esposa foi vacinada com a dose da Janssen, nos Estados Unidos, por recomendação médica.
Bolsonaro responde por crimes de Infração de Medida Sanitária e também Corrupção de Menores, pela suspeita de ter envolvido sua filha Laura na suposta fraude com as vacinas. Na entrevista, o ex-presidente disse que decidiu não imunizar a menina, que, segundo ele, possui um atestado médico que a dispensa da imunização.
“No tocante à fraude, da minha parte, zero. As vezes em que eu viajei pelo mundo, uma vez para a Itália, se não me engano, eu até perguntei para a minha assessoria se era exigida a vacina; me disseram ‘sim’, então eu disse ‘se é sim, eu não viajo’. Daí veio a resposta oficial, país europeu, talvez a Itália, que eu estava dispensado da vacina. O tratamento dispensado a chefes de estado é diferente do cidadão comum. Tudo é acertado antecipadamente e em minhas idas aos Estados Unidos, em nenhum momento foi exigido cartão vacinal”, completou o ex-presidente ao programa.