
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta terça-feira (15), que não cogita deixar o país, mesmo sendo alvo de um processo que pode levá-lo à condenação por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes. Segundo ele, problemas de saúde o impedem de sair do Brasil.
“Tenho várias questões de saúde, como vou para o exterior assim? E mais: quero acompanhar meu julgamento de perto”, declarou. No dia 1º de julho, Bolsonaro anunciou que suspenderia toda sua agenda de compromissos naquele mês em razão de episódios de vômitos e crises de soluço.
Ao ser perguntado se teme ser preso, o ex-presidente respondeu que “qualquer coisa pode acontecer”, citando o caso de Walter Braga Netto, detido por suposta obstrução da Justiça.
“Hoje em dia tudo é possível. Por que o Braga Netto está preso? Uma prisão preventiva tão longa assim? E por qual motivo? Por interferir num inquérito que já estava encerrado. E quem decide tudo? Uma só pessoa, que controla o Supremo: prende, interroga, julga, e ainda se declara vítima porque alegam que havia um plano para matá-lo”, criticou Bolsonaro.
Na noite de segunda-feira (14), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) seu parecer final na Ação Penal nº 2.668, que apura uma tentativa de golpe. O documento, com 517 páginas, solicita a condenação de Jair Bolsonaro e seus aliados.
Gonet acusa o ex-presidente de chefiar uma organização criminosa armada, tentar abolir o Estado Democrático de Direito com violência, tentar dar um golpe de Estado e causar danos qualificados, com uso de grave ameaça, ao patrimônio da União, incluindo bens tombados.
Com a entrega das alegações finais por parte do Ministério Público, inicia-se o prazo para que Mauro Cid se manifeste. Após os 15 dias concedidos à defesa de Cid, será aberto o período para as demais defesas, incluindo a de Bolsonaro.
O julgamento dos acusados pode acontecer entre os meses de agosto e setembro. A expectativa é que todas as manifestações das partes estejam encerradas até 11 de agosto. Mesmo com o recesso do Judiciário em julho, os prazos continuam correndo normalmente. O processo está sob a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, do STF.