Afastado do cargo desde abril deste ano, o prefeito de Urussanga, no Sul de Santa Catarina, Luis Gustavo Cancellier renunciou ao cargo na segunda feira (1º). Ele enviou uma carta a Câmara de Vereadores formalizando a renúncia. O agora ex prefeito foi para a prisão há três meses durante a Operação Terra Nostra, juntamente com dois vereadores.
No documento em que solicita formalmente a renúncia, Cancellier cita o motivo da decisão. “Levando em consideração os últimos acontecimentos e que permaneço impossibilitado do exercício pleno do mandato, há necessidade de especial atenção à minha saúde e ao processo judicial. Isso tudo a fim de restabelecer a verdade e promover maior estabilidade política no Município”, escreveu.
Cancellier alegou problemas de saúde e chegou a se beneficiar com a mudança da prisão preventiva para domiciliar. Entretanto, na quinta-feira (27), uma nova determinação da Justiça ordenou que ele retornasse para a prisão. Até esta terça (2), ele estava na enfermaria da Penitenciária Industrial de Joinville.
A Operação Terra Nostra teve seu inquérito concluído pela 2ª Delegacia de Combate à Corrupção da DEIC da Polícia Civil. Além disso, de acordo com a conclusão das investigações, uma organização criminosa utilizou indevidamente a renda pública. Isso tudo para a aquisição de dois imóveis com valores, ao que se apurou, superfaturados.
Prefeito voltou para a prisão
De acordo com as investigações, ficou evidente que a Prefeitura adquiriu os imóveis sem, contudo, observar as exigências licitatórias, e as compras ocorreram diretamente em desacordo com as hipóteses legais. Além disso, houve falsificação de documentos para, desta forma, viabilizar as aquisições. No curso do inquérito policial, detectou-se que duas testemunhas fizeram afirmação falsa e, por isto, a Justiça também as indiciou por falso testemunho.
Ao longo do inquérito policial, os agentes cumpriram 21 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva, quatro medidas cautelares diversas da prisão, 14 indiciamentos e, ainda, sequestrados mais de R$ 2,5 milhões das contas dos investigados para, desta forma, garantir eventual ressarcimento ao erário.
As penas, se somadas, podem chegar a mais de 55 anos de reclusão. Os indiciados foram denunciados pelo Ministério Público do Estado de Santa Catarina.