Região Grande Florianópolis

As 113 mortes no RS, mesmo número da tragédia de 2008 em SC

Em Florianópolis, uma só pessoa morreu naquele desastre. Lembram dele?

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As 113 mortes no RS, mesmo número da tragédia de 2008 em SC
Foto: Corpo de Bombeiros de SC / divulgação

Nesta sexta-feira (10), o número de mortes decorrentes das enchentes no Rio Grande do Sul chega a 113 pessoas. Esse número – que infelizmente deve seguir subindo, já que são ainda mais de 100 desaparecidos – é exatamente igual a quantidade de mortes ocorridas em Santa Catarina no desastre de dezembro de 2008. A maioria dos óbitos foi registrada na região do Alto Vale, onde centenas de moradias foram soterradas por desterramentos.

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Trabalhei como repórter na cobertura daquela tragédia. Das 113 vidas perdidas, apenas uma morte ocorreu em Florianópolis. Se chamava Ricardo, um caminhoneiro gaúcho da cidade de Carazinho, que veio à Capital catarinense pela primeira vez na vida, contratado para trazer uma mudança para o bairro Ingleses.

Ricardo descarregou a mudança, e, no fim da tarde, ainda foi convidado para olhar a praia antes de partir de volta pra casa. Mas recusou o passeio, queria regressar o quanto antes. Recebeu os 800 reais combinados do pagamento e logo pegou a estrada. Mas a viagem foi interrompida ainda na SC-401, próximo ao acesso ao bairro Cacupé, onde parte do morro despencou sobre o asfalto e atingiu em cheio seu caminhão.

Macrodrenagem e a poluição

Nesse mesmo Norte da Ilha, o início das obras da macrodrenagem no Rio Vermelho tem causado o despejo de muito lixo no rio. Moradores apontam poluição crescente, e a água que antes era cristalina hoje está turva e cheia de lixo. Grupos de ambientalistas da Ilha estão tentando uma audiência pública para tratar do assunto, mas as autoridades seguem, como sempre, jogando os problemas pra baixo do tapete.

A via crúcis de ficar doente em Florianópolis

Emergência vazia no HU, pouco trabalho e muito ifood. Foto: Róbinson Gambôa / Guararema News

Passei pela terrível experiência de ficar doente no Brasil. Ainda que seja em Santa Catarina, a via crúcis não foi diferente de qualquer outro pedaço de periferia do País. No novo posto de saúde do Monte Serrat – que agora fica fora do Monte Serrat -, não havia médico nem enfermeira. E também não havia testes de Covid. Mediram minha temperatura e me mandaram pra casa.

No Hospital Universitário, foi ainda pior. Entrada da emergência vazia, com duas atendentes de plantão apenas para avisar aos desavisados que não havia atendimento nenhum. O motivo real era a greve mas, envergonhadas, as duas garotas mentiram que era por conta do hospital lotado, falta de leitos. Os únicos a serem bem atendidos eram os entregadores do ifood, que chegavam a todo momento com marmitas dos restaurantes mais chiques da Trindade.

No Celso Ramos, enfim conseguimos atendimento, que, como sempre, receitou medicamentos e mandou pra casa. Celso Ramos não faz teste de Covid ou dengue, e a médica não demonstrou interesse em descobrir. Surpreso com essa informação, perguntei:

– Hospital não faz teste de Covid? Vou tentar na padaria então.

Os cadeieiros da notícia

A patifaria do portal catarinense A Razão finalmente chamou a atenção das autoridades. O ministro Paulo Pimenta acionou a Polícia Federal e Advocacia Geral da União para que identifiquem e punam quem publica criminosamente informações falsas na internet. As fake news sobre a tragédia no Rio Grande do Sul prejudicam o trabalho das instituições e não podem continuar.

Uma simples busca no Google encontra vasto material sobre o episódio da prisão do diretor desse jornal, por tráfico de drogas. Em Florianópolis, o comandante do 4º BPM, André Rodrigo Serafin, me enviou áudio informando que está de olho nessa estreita ligação dos coleguinhas com o crime organizado. Em breve, teremos pé na porta as 5h da manhã e o sol, mais uma vez, nascendo quadrado pra essa turma que tem tudo, menos “razão”.

Santo Amaro rasga dinheiro

Em Santo Amaro da Imperatriz, os vereadores conseguiram estancar uma farra com dinheiro público, referente às obras do novo Centro Administrativo municipal, onde as obras estão paralisadas. Ocorre que a licitação previu a contratação da construtora por R$ 12 milhões, mas agora a prefeitura quer mais R$ 4 milhões como aditivo.

Quem fez o projeto e calculou os 12 milhões? Um erro de 30% é um erro gigante. Obras faraônicas são sempre um prato cheio para os corruptos de plantão. O Ministério Público e o Gaeco estão de olho nisso e em breve os 22 prefeitos catarinenses presos vão ganhar novas companhias.

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