Região Balneário / Itajaí

Saia justa e tiros n’água: a última dança de Adeliana com Bolsonaro

Inquérito da Operação Presságio perto do fim, entre outros destaques

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Saia justa e tiros n’água: a última dança de Adeliana com Bolsonaro
Ex-prefeita de São José, Adeliana Dal Pont. Foto: divulgação

A eleição municipal em São José ganhou espaço nas mídias nacionais nesta semana, com a vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro, que esteve em Florianópolis, Balneário Camboriú e Camboriú. Bolsonaro vetou a participação da ex-prefeita Adeliana dal Pont na comitiva, e alterou o itinerário da sua motociata, retirando o calçadão do Kobrasol do roteiro.

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Adeliana é pré-candidata à prefeitura pelo PL de Bolsonaro, mas, durante a pandemia da Covid, manteve uma postura crítica ao Governo Federal, sobretudo pela demora na compra das vacinas e outros tropeços, como o eterno “E dai, não sou coveiro”.

Em Florianópolis, Bolsonaro foi alertado sobre a presença de inimigos na trincheira. Um assessor do governo do Estado teria inclusive lhe mostrado um vídeo publicado pela ex-prefeita, expressando sua revolta contra a política da Saúde entre 2020 e 2022.

Na segunda-feira, véspera do desembarque de Bolsonaro no Floripa Airport, Adeliana ainda tentou um lance no xadrez da eleição, despejando elogios a Bolsonaro nas suas redes sociais. “Nosso presidente vem aí! Jair Bolsonaro, o grande líder da direita no Brasil estará em Florianópolis…Vamos juntos mostrar a força do nosso povo e demonstrar que o cidadão catarinense de bem está com Bolsonaro!”, escreveu Adeliana. Um tiro nágua, sem efeito, na batalha naval josefense.

Os apressadinhos

A campanha eleitoral esse ano começa em 16 de agosto, mas já tem candidato em Florianópolis impulsionando seus vídeos no YouTube. Nesta semana mesmo, o Google informou oficialmente que não terá condições de acatar as medidas impostas pelo Tribunal Eleitoral, e que, portanto, não irá abrir espaço para publicidade de candidatos.

Livros, livres. Livrai-nos!

O livro Extraordinárias Mulheres que Revolucionaram o Brasil, da editora Companhia das Letras, valorizou nessa semana em menos de 24 horas. Na terça-feira, era vendido pela internet a R$ 59. No dia seguinte, já estava a já estava a R$ 89, mas alguns exemplares usados podiam ser encontrados por bem menos, a R$ 24.

O motivo da valorização no mercado foi a notícia de que a Prefeitura de Blumenau, em Santa Catarina, ordenou o recolhimento de todos os exemplares desse livro nas bibliotecas das escolas municipais. No ofício enviado às escolas a que eu tive acesso, não havia explicação sobre o motivo das apreensões.

Ocorre que “mulheres extraordinárias” por si só já é um estereótipo assustador. Sobretudo para quem cultua uma sociedade conservadora, que preserva a figura feminina submissa, recatada e do lar.

Ocorre que 24 horas após o ofício, a Secretaria de Educação em Blumenau voltou atrás, mudou de ideia, se desconvictou. E desistiu de recolher os livros.

Os especialistas da sombria psiquê humana acreditam que serviu o mau exemplo da prefeita de Canoinhas, que virou sub-celebridade nacional ao jogar livros no lixo. Entre eles o “Analista de Bagé”, do genial Luis Fernando Veríssimo, que eu li ainda criança, onde descobri o humor refinado dos intelectuais.

As duas últimas semanas deixaram importantes lições aos conservadores desavisados: não se deve jogar livros no lixo, nem tampouco confiscá-los das bibliotecas. Não quero pensar em qual será a próxima tentativa.

Presságio perto do fim

Imagem que flagrou encontro do ex-secretário Ed Pereira com diretores da empresa terceirizada da coleta do lixo. Foto: divulgação

O inquérito policial resultado da operação Presságio, que apurou múltiplos episódios de corrupção na Prefeitura de Florianópolis, está muito perto de sua conclusão. Esta coluna apurou que o processo está em fase de análise nas mãos da delegada, ou seja, já se concluiu todos os depoimentos e coleta de provas.

A Assessoria da Polícia Civil confirmou que ao final do inquérito as informações a respeito serão finalmente divulgadas, como o número de indiciados e os nomes dos que vão virar réus na Justiça.

O que não deve significar nenhuma alteração no resultado das eleições. Afinal, até quem é flagrado com calças arriadas no gabinete já ganhou eleição por aqui. O que pode ser pior que isso?

Denúncia de suborno em Canelinha

Diogo Maciel, prefeito de Canelinha (SC). Foto: divulgação

O prefeito de Canelinha, Diogo Maciel, revelou na quinta-feira (25) que sofreu uma tentativa de suborno por parte de uma empresa local que presta serviços de engenharia ambiental. Os empresários pressionavam para liberar a construção de um aterro sanitário na cidade, que fica na região da Grande Florianópolis. O terreno que se destinou ao aterro, no entanto, está sub júdice desde 2023 e os moradores das imediações não aceitam a instalação.

O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) admitiu falhas na emissão da licença. A empresa, naturalmente, nega as acusações do prefeito.

Se Santa Catarina tem hoje 21 prefeitos presos por corrupção, é notável o surgimento de ao menos um que não aceitou propina. Estaremos atentos aos desdobramentos disso.

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