
Os Estados Unidos abriram, nesta terça-feira (15), uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais consideradas “desleais”, e o Pix pode estar no centro dessa controvérsia. O motivo pode ser porque o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro estaria incomodando empresas americanas como bandeiras de cartão de crédito e o WhatsApp Pay, além de representar uma alternativa ao dólar em transações internacionais.
A investigação, anunciada por Jamieson Greer, representante de Comércio dos Estados Unidos, foi formalizada no documento “Investigação da Seção 301 sobre Práticas Comerciais Desleais no Brasil”. Embora o Pix não seja citado diretamente, o texto menciona “serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”, apontando vantagens indevidas.
Uma das motivações levantadas é a decisão do Banco Central, em 2020, de suspender a operação do WhatsApp Pay logo após seu lançamento no Brasil. A ferramenta de pagamentos da Meta, empresa de Mark Zuckerberg, aliado de Donald Trump, seria pioneira no envio de dinheiro por mensagens, mas foi barrada por questões regulatórias.
Na época, tanto o Banco Central quanto o Cade alegaram que a medida visava avaliar riscos ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e à concorrência.
Segundo a economista Cristina Helena Mello, da PUC-SP, a suspensão foi acertada: “O WhatsApp operava fora do sistema financeiro oficial, sem supervisão do Banco Central”, explica. O Pix, por sua vez, começou a ser desenvolvido em 2018, com o objetivo de criar um sistema eficiente, seguro, competitivo e acessível a todos.
Cristina destaca que o Pix preocupa os Estados Unidos por ter se tornado uma alternativa ao dólar em países como Paraguai e Panamá. Comerciantes estrangeiros já aceitam pagamentos via Pix, o que reduz a demanda pela moeda americana.
A economista também aponta que a nova funcionalidade “Pix Parcelado”, com previsão de estreia em setembro de 2025, poderá acirrar a concorrência com cartões de crédito, pois permitirá o parcelamento de compras com recebimento imediato pelo vendedor.
Apesar das críticas, ela defende o Pix como um sistema revolucionário, que movimentou R$ 26,4 trilhões em 2024 e promoveu a inclusão financeira de milhões de brasileiros.