
A Arquidiocese de São José do Rio Preto instaurou uma comissão especial para investigar um suposto fenômeno envolvendo uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, que pertence a uma devota da cidade de Mirassol, no interior de São Paulo. Conhecida entre os fiéis como “Nossa Senhora do Mel”, a imagem ganhou notoriedade na comunidade por supostamente exalar mel e outras substâncias.
De acordo com os relatos, o fenômeno teve início há mais de 30 anos, quando a imagem chegou a Mirassol. Desde então, testemunhas afirmam que ela teria expelido lágrimas de sal, azeite, vinho e, mais recentemente, mel. Isso despertou forte devoção popular. O caso ganhou ainda mais repercussão em agosto do ano passado, quando a cantora Elba Ramalho visitou a imagem durante uma peregrinação.
Diante da crescente atenção, autoridades eclesiásticas pressionaram a Arquidiocese a se posicionar. Em maio de 2023, o Vaticano publicou diretrizes orientando que episódios como esse sejam formalmente investigados, o que levou à criação de uma Comissão de Investigação para apurar a autenticidade do fenômeno.
A comissão é composta por um delegado, um teólogo, um canonista, um perito e um notário. Todos atuam sob juramento de fidelidade à Igreja e de sigilo canônico. Segundo a Arquidiocese, o grupo tem conduzido os trabalhos com base científica, doutrinária e pastoral, respeitando os critérios estabelecidos pela Igreja Católica.
A imagem teria sido adquirida em Fátima, Portugal, na década de 1990, e foi entregue como presente a uma moradora de Mirassol. Em 1993, ela relatou ter visto lágrimas escorrendo da imagem, que logo foi levada à Igreja de São José e Santa Teresinha. Foi ali que teriam ocorrido manifestações mais intensas, como a secreção de sal e outras substâncias.
Hoje, a imagem peregrina por igrejas do interior paulista e continua atraindo devotos. O mel, consumido por muitos fiéis, é descrito como de origem sobrenatural, por apresentar características diferentes do produto produzido por abelhas.
Até o momento, a Arquidiocese não orientou a suspensão das peregrinações nem desencorajou a devoção. Em nota a assessoria da Igreja informou que a comissão segue apurando os fatos e que um relatório final será enviado ao Vaticano. Caberá à Santa Sé decidir os próximos passos.
Dom Antônio Emídio Vilar, arcebispo responsável pela Arquidiocese, afirmou que a investigação é necessária para responder àqueles que, com fé ou curiosidade, procuram esclarecimentos sobre o caso.