Em Florianópolis, uma escola numa comunidade no Sul da Ilha está ensinando os alunos sobre as espécies animais em extinção devido à caça e desmatamento. Na Escola do Futuro, no bairro Tapera, integrantes do chamado clube da Geografia pesquisaram a respeito do bugio ruivo, uma espécie de macaco primata que desapareceu de Florianópolis há mais de 260 anos. A garotada analisou os hábitos alimentares, onde habitam e como vivem.
A identificação com o macaco é tanta que ele virou mascote da turma e sua imagem aparece no logotipo do Clube de Geografia. Recentemente, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, crianças e adolescentes participaram de uma saída de estudos até a Lagoa do Peri reconhecer a área de soltura dos animais e cada estudante pintou um pouco da escultura que foi inaugurada em homenagem a esse animal.
O bugio possui peso corporal médio entre 5Kg e 12kg. Os machos adultos são maiores que as fêmeas. A característica morfológica mais marcante do gênero é a vocalização produzida pelo osso hioide, situado entre a laringe e a base da língua. Esta estrutura se transforma em uma caixa de ressonância por onde emite um som muito alto, que pode ser ouvido por quilômetros de distância.
Esses primatas possuem uma cauda preênsil, sendo utilizada como um braço extra para agarrar ou até se pendurar em galhos. Comem principalmente frutos e folhas, incluindo também flores, caules e cascas.
No Brasil os bugios estão distribuídos em Santa Catarina, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Os bugios ruivos prestam serviços ecológicos importantes como à dispersão de sementes de plantas nativas e polinização. Prestam ainda serviços à saúde pública, por serem considerados uma espécie sentinela para circulação de determinados vírus, como o da Febre Amarela.
As turmas reproduzem animais da mata atlântica por meio de moldes. Esses moldes são revestidos com tiras ou pedaços de papel umedecidos em uma da papietagem, técnica artesanal em usar tiras ou pedaços de papel umedecidos em uma solução de cola natural à base de farinha e água.
Outra forma de trabalhar a fauna é produzindo cartinhas de jogos. A garotada desenha e pinta os animais. Mas, para criar o entretenimento, todos pesquisam a respeito do tempo de vida, tamanho, risco de extinção e alimentação dos bichos.
O Clube de Geografia também pesquisa geologia, geomorfologia, clima hidrografia, zona costeira, vegetação, ecossistemas, urbanização e resíduos. As reuniões, com 15 estudantes por horário, ocorrem na quinta-feira, das 8h às 9h30 e das 13h às 14h30. Para a coordenadora do Clube, professora Talita Laura Goes, “compreender o espaço em que vivemos e as relações que se estabelecem nesse ambiente é essencial para uma convivência harmônica planetária”.
Há atividades desenvolvidas com as turmas sobre plantas nativas e seus usos. A árvore Garapuvu, símbolo do município, é excelente para fazer canoa de um pau só. Pode ter até 20 metros de altura.
O fruto urucum dá cor e sabor nas comidas. A sua semente seca e triturada transforma-se no popular colorau. O urucuzeiro chega a atingir até seis metros de altura. Apresenta grandes folhas de cor verde-claro e flores rosadas.
A ora-pro-nobis é uma planta alimentícia não convencional. É conhecida como carne verde, pois tem muita proteína. Além do consumo das folhas frescas, a planta pode ser processada para produção de farinhas. Seus frutos são utilizados na preparação de geleias, sucos e compotas. A planta auxilia na diminuição dos níveis de colesterol ruim e atua como anti-inflamatório e cicatrizante.
Com o urucum e a ora-pro-nobis os integrantes do Clube de Geografia conceberam tintas naturais, assim como os indígenas para rituais de pinturas corporais.
Os estudantes produziram bombas de sementes para reflorestarem uma área atrás da Escola do Futuro Tapera. Trata-se de uma técnica que promove o cultivo de plantas pelo arremesso de bolas compostas de argila, substrato vegetal e sementes. Cada integrante do Clube trouxe uma semente diferente. “Confeccionamos as bolas (bombas) e as lançamos na área para recuperação ambiental”, frisa a professora de geografia, Talita Laura.
Por Ricardo Medeiros, assessor de comunicação da Educação de Florianópolis.