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Laudo não garante que idoso já estava morto ao chegar a banco

Caso viralizou nas redes sociais com cadáver que foi a banco tentar sacar

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Laudo não garante que idoso já estava morto ao chegar a banco
Laudo não consegue confirmar se Idoso já estava a morto. Fotos: divulgação

O caso da mulher que levou um cadáver numa cadeira de rodas para tentar sacar dinheiro de um empréstimo no banco ganhou mais um capítulo na noite desta quarta-feira (17), no Rio de Janeiro. O laudo dos exames de necropsia que fizeram no corpo de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, não conseguiu confirmar se o idoso já estava sem vida morto antes ou depois de chegar na agência bancária, em Bangu. Ou seja, o laudo foi inconclusivo, o que pode acabar beneficiando a mulher, Erica de Souza Vieira Nunes, de 43 anos.

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Erica, que alega ser sobrinha de Paulo Roberto, foi para a prisão no mesmo dia, assim que funcionários do banco chamaram o Samu e também a polícia. No entanto, o motorista de aplicativo que levou os dois até o banco prestou depoimento na delegacia e afirmou que o homem ainda parecia estar vivo durante a viagem.

A advogada de Erika, Ana Carla de Souza, apresentou nesta quarta-feira na delegacia um laudo psiquiátrico que atesta problemas de saúde mental na mulher. “Acreditamos na inocência da Erika. Temos testemunhas de que o senhor Paulo chegou vivo à agência bancária. Embora tenha uma declaração, de forma prematura, da morte por uma emergência dos bombeiros e do Samu, isso terá contestação. Estamos no aguardo também a resposta do IML. Também temos provas documentais do abalo emocional da Erika“, afirmou a advogada.

Idoso já estava morto?

A perícia aponta que o homem morreu até no máximo sete horas antes da gravação dos vídeos que circularam nas redes sociais. Os próprios funcionários do banco gravaram as imagens, e pareciam não acreditar no que viam.

A perícia diz que se identificou no idoso sinais de bronco aspiração, congestão pulmonar e falência cardíaca por doença isquêmica prévia. A conclusão depende do resultado de exames toxicológicos. Paulo Roberto esteve internado na UPA de Bangu entre os dias 8 e 15 de abril, véspera do dia em que foi levado ao banco na cadeira de rodas.

Nos vídeos que viralizaram desde a terça-feira, Erika tenta conversar com o tio, que já estava morto na cadeira de rodas. “Tio Paulo, está ouvindo? O senhor precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como”, diz ela. “Eu não posso assinar pelo senhor, tem que ser o senhor. O que eu posso fazer, eu faço”, acrescenta. Ela pergunta às funcionárias do banco se elas viram o idoso segurar a porta, para mostrar que ele pode assinar o documento. “Não vi”, respondem.

Vídeos viralizaram

Uma das funcionárias diz que o homem não está bem, e a suposta sobrinha nega. “Mas ele é assim mesmo”. A mulher, então, pergunta se ele quer ser levado a uma unidade de saúde: “Se o senhor não ficar bem, vou te levar pro hospital. O senhor quer ir pra UPA [Unidade de Pronto Atendimento] de novo?”, diz, no vídeo.

O caso está sendo investigado pelo 34ª DP. A defesa de Erika afirmou que o homem estava vivo quando foi levado ao banco. Ela tentou sacar um empréstimo de R$ 17 mil e disse em depoimento que estava atendendo ao pedido do tio, que queria comprar uma televisão nova e fazer uma reforma em casa.

Erika deve responder por tentativa de furto mediante fraude e por vilipêndio — ato de fazer com que alguém se sinta humilhado, menosprezado ou ofendido. Isso pode acontecer por meio de palavras, gestos ou ações. No vilipêndio a cadáver, o crime é desrespeitar o corpo ou as cinzas de um cadáver.

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