Região Grande Florianópolis

Dibea entra na mira da Justiça após flagrante de atendimento precário aos animais

Promotoria também pede que Prefeitura de Florianópolis pare imediatamente de acolher novos animais até garantir atendimento adequado

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Dibea entra na mira da Justiça após flagrante de atendimento precário aos animais
Foto: divulgação

O Ministério Público de Santa Catarina ajuizou uma Ação Civil Pública Estrutural contra o Município de Florianópolis após constatar, em inquérito civil, uma série de omissões na gestão da Diretoria de Bem-Estar Animal (DIBEA). A ação foi protocolada pela 26ª Promotoria de Justiça da Capital. E pede que a Prefeitura elabore e execute um plano de reestruturação da política municipal de proteção animal.

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De acordo com o MP, o plano deve incluir um diagnóstico detalhado, metas, cronograma, orçamento, equipe técnica e mecanismos de fiscalização. A Promotoria também solicita que a Prefeitura formalize convênios com clínicas e hospedagens.Para garantir o acolhimento de animais que necessitem de atendimento urgente, diante da superlotação da sede atual. Que funciona no acesso ao bairro Itacorubi, junto à Rodovia SC-401, ao lado do Cemitério Municipal. A DIBEA também deve retomar as atividades de apuração de denúncias de maus-tratos a animais. Inclusive com atendimento às requisições formais encaminhadas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil.

A ação foi protocolada, explica o Promotor de Justiça Luciano Trierweiller Naschenweng, após a constatação de omissões do poder público municipal na gestão da DIBEA.

Dibea em Florianópolis

“Durante a tramitação do inquérito civil, o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina Veterinária realizaram uma vistoria na DIBEA. E verificaram problemas graves estruturais, sanitários, veterinários e administrativos”, afirmou.

Segundo Naschenweng, a estrutura atual da DIBEA não cumpre o papel de política pública permanente, funcionando de forma improvisada. Sem condições mínimas de atender com dignidade os animais acolhidos, tampouco de dar respostas efetivas à sociedade quanto às denúncias de maus-tratos.

“Dos problemas identificados durante a vistoria, é importante destacar a superlotação de animais. Além disso, animais em gaiolas pequenas, confinados sem luz natural e com forte odor de urina e fezes. Ausência de gerador de energia e medicamentos vencidos e falta de insumos básicos. Além do represamento de mais de 5 mil boletins de ocorrência de maus-tratos sem apuração”, disse.

Entre os pedidos feitos à Justiça, o MPSC também exige que a administração municipal inclua recursos suficientes no orçamento público para custear a execução do plano e as ações de curto, médio e longo prazo.

Médico veterinário

“Como medidas estruturantes, a ação civil pública busca a reforma completa da unidade da DIBEA. Com separação adequada de ambientes para cães e gatos, equipamentos cirúrgicos e clínicos. Conforme normas do Conselho Federal de Medicina Veterinária, estoque regular de medicamentos e fornecimento de EPIs e insumos de higiene. Além disso, contratação de pessoal para limpeza e cuidados, videomonitoramento e estrutura para dias de calor e chuva”, concluiu.

A Promotoria de Justiça também requer que a unidade conte com médico-veterinário formalmente nomeado como responsável técnico (RT), com escala de atendimento contínua inclusive aos finais de semana e feriados, garantindo que nenhum animal fique sem assistência.

O MPSC destaca que a omissão do poder público configura violação ao direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, à saúde e à dignidade dos animais, e que o ajuizamento da ação busca garantir, por meio do controle judicial, a implementação de uma política pública efetiva e permanente de proteção animal no Município de Florianópolis.

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