
O amanhecer desta segunda-feira (27), foi marcado pela emoção, lembranças e ainda o desejo por justiça, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Há exatos 12 anos a cidade vivia um momento que jamais será esquecido: o incêndio que tirou a vida de 242 pessoas e deixou mais de 600 feridas, na Boate Kiss. Uma das maiores tragédias da história do estado e até mesmo do Brasil.
Veja como foi a noite de vigília dos familiares e amigos:
Em frente ao mural de memórias, a programação seguiu com a exibição de vídeos, com homenagens e detalhes sobre a exposição “Sobrevivi para contar” – mostra fotográfica produzida pelo coletivo Kiss. Assim, a leitura dos nomes das 242 vítimas, seguido do minuto de barulho, encerrou as ações da madrugada do dia 27.
A Associação de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), junto ao Coletivo Kiss: que não se repita, realizará uma séria de homenagens na praça Saldanha Marinho, a partir das 18 horas desta segunda-feira (27).
Veja o cronograma:
- 18h: Abertura com a fala do Presidente da AVTSM, Flávio Silva
- 18h10min: Atualização das últimas decisões do Processo Penal com Pedro Barcellos Jr, advogado da AVTSM
- 18h30min: Vozes da saudade com Maria Tagliapietra (mãe da vítima Luciano Tagliapietra Esperdião)
Maria Aparecida Neves (mãe de Augusto Cezar Neves) e Adherbal Ferreira (pai de Jennifer Mendes Ferreira) - 19h20min: Sobrevivi para contar com Mirian Schalemberg, Jovani Rosso, Cristiane Clavé e Delvani Rosso, sobreviventes da tragédia de 27 de janeiro de 2013
- 20h10min: Cuidar e acolher, com Volnei Dassoler e Patrícia Bueno, membros do Santa Maria Acolhe
- 21h: Encerramento das atividades
A Igreja Catedral, no Centro da cidade também realizará uma missa em oração às vítimas, sobreviventes e familiares da tragédia na Boate. O encontro religioso acontecerá a partir das 18h15 min.
Relembre a tragédia na Boate Kiss
Na noite que ficou para a história e chocou o país inteiro, no momento do incêndio havia mais de 1 mil pessoas na casa noturna, onde a capacidade máxima era de 691. As chamas começaram durante a apresentação do Grupo Gurizada Fandangueria.
No palco, o vocalista acendeu um sinalizador de uso externo, um artefato, cujas faíscas atingiram o teto revestido com espuma de isolamento acústico inflamável, sem a devida proteção contra fogo. Todavia, o incêndio se alastrou rapidamente, gerando uma fumaça tóxica que asfixiou as vítimas.
A situação se agravou pela falta de comunicação entre os seguranças, que inicialmente impediram a saída das pessoas pela única porta. Eles acreditavam que se tratava de uma briga generalizada ou ainda a tentativa de saída sem efetuar o pagamento.
As pessoas buscaram a saída pelas portas dos banheiros e, enfim, muitas acabaram morrendo pisoteadas. Todavia, um dos seguranças admitiu a ausência de treinamento contra incêndio e a inexistência de saídas de emergência adequadas durante depoimento.
Justiça
O júri realizado em dezembro de 2021 condenou quatro réus pelo incêndio: Elissandro Callegaro Spohr, Mauro Londero Hoffmann , Marcelo de Jesus e Luciano Bonilha.
- Elissandro Spohr, sócio da boate: 22 anos e seis meses de prisão por homicídio simples com dolo eventual
- Mauro Hoffmann, sócio da boate: 19 anos e seis meses de prisão por homicídio simples com dolo eventual
- Marcelo de Jesus, vocalista da banda Gurizada Fandangueira: 18 anos de prisão por homicídio simples com dolo eventual
- Luciano Bonilha, auxiliar da banda: 18 anos de prisão por homicídio simples com dolo eventual
Contudo, depois de alegar irregularidades na escolha dos jurados que fizeram parte do Júri, o Tribunal de Justiça anulou a sentença em agosto de 2022. Por fim, os réus foram soltos, mas em setembro de 2024 voltaram a ser presos. Entretanto, um novo julgamento está previsto para acontecer em fevereiro.
Memorial
Santa Maria deverá inaugurar, portanto, um memorial em homenagem às vítimas. A casa onde funcionava a boate já foi demolida e o projeto, escolhido por meio de concurso nacional de arquitetura. O espaço prevê construção de um espaço que represente o luto e a memória.
O memorial terá um jardim circular com 242 pilares de madeira, cada um com o nome de uma vítima e um suporte para flores. Mas haverá também um auditório, uma sala multiuso com acervo multimídia e uma sala para a sede da AVTSM.