
A Empresa Municipal de Água e Saneamento (Emasa) concluiu a auditoria interna que investigou a pane eletromecânica ocorrida no último dia 12, na Estação Elevatória de Esgoto (EEE-08), na Rua 3700, em Balneário Camboriú. O relatório final identificou uma sucessão de falhas mecânicas, operacionais e estruturais que culminaram no extravasamento de esgoto e na interrupção temporária do serviço. A EEE-08 é responsável por bombear todo o esgoto da região norte até a Estação de Tratamento Nova Esperança.
O colapso do sistema expôs um cenário crítico. Em apenas 15 dias, as quatro motobombas da estação — duas em operação e duas reservas — queimaram, tornando a estrutura inoperante. De acordo com a Emasa, essa foi uma situação inédita na história da autarquia.
Equipamentos obsoletos e vulneráveis
Segundo o diretor técnico da Emasa, Jefferson Andrade, a obsolescência dos equipamentos foi um dos principais fatores que desencadearam a falha. “Três das quatro bombas em uso foram adquiridas entre 2015 e 2017. Apenas uma era mais recente”, explicou. Ele ressaltou, contudo, que a vida útil dos equipamentos varia entre sete e dez anos, o que torna a maioria das bombas tecnicamente ultrapassada.
Além disso, o relatório aponta que as motobombas reservas foram armazenadas de forma inadequada até dezembro de 2024. Elas permaneceram expostas ao tempo e à ação de agentes químicos presentes no ambiente de esgoto, o que comprometeu os sistemas de vedação. “A exposição pode ter ressecado as vedações, facilitando a entrada de água e provocando a queima dos motores após a reinstalação”, detalhou Andrade.
Falta de plano de manutenção agravou o problema
Outro ponto crítico revelado pela sindicância foi a ausência de um plano estruturado de manutenção preventiva e preditiva. A Emasa não contava com rotinas de inspeção, testes periódicos ou infraestrutura técnica adequada para garantir, dessa forma, o funcionamento contínuo dos equipamentos.
Esse vácuo de planejamento impediu a identificação antecipada de riscos e reduziu a capacidade de resposta diante da emergência. Em seguida, apurou-se que a falta de peças em condições de uso, aliada à inexistência de uma reserva técnica confiável, evidenciou a fragilidade do sistema.
Ações emergenciais e plano de modernização
Mesmo sem previsão orçamentária específica, a atual gestão iniciou uma força-tarefa para reverter o cenário. No dia 22 de julho, a Emasa finalizou a compra emergencial de 16 novas bombas submersíveis, que serão fabricadas sob encomenda. O prazo de entrega, portanto, é de até seis meses.
Em paralelo, a empresa está em fase de estudo para construir um almoxarifado técnico coberto e climatizado. A proposta busca garantir o armazenamento adequado de peças e equipamentos de reposição. Até lá, uma cobertura provisória já protege os materiais que antes ficavam expostos ao tempo.
De acordo com o diretor-presidente da Emasa, Auri Pavoni, o episódio escancarou anos de falhas estruturais. “O que aconteceu na elevatória da Rua 3700 é reflexo de uma longa ausência de planejamento técnico e manutenção adequada”, afirmou. Segundo ele, o relatório da sindicância permitiu um diagnóstico claro e imediato, essencial para a tomada de decisões firmes.
Apesar das limitações, Pavoni destacou a rápida resposta da equipe técnica. “Restabelecemos o funcionamento do sistema no mesmo dia da pane, com responsabilidade e agilidade. Agora, nosso foco está na prevenção, na modernização e na prestação de um serviço à altura da cidade”, concluiu.