A catarinense Beatriz Baldi, de 21 anos, é mais uma atleta que precisou sair de Santa Catarina para realizar o sonho de se tornar jogadora de futebol profissional. Há dois anos atuando pelo Barton Community College, uma faculdade pública na cidade de Great Bend, no estado de Kansas, Estados Unidos, ela se destacou no campeonato colegial desse ano. E agora vai atuar no futebol universitário em Atlanta, na Geórgia, categoria de bastante prestígio naquele País.
Beatriz é uma garota negra da periferia de Blumenau. Influenciada pelo irmão mais velho, entrou numa escolinha aos nove anos. Além disso, também jogava num campinho perto de casa, na Vila Jensen, bairro Itoupava Central, geralmente com meninos mais velhos. Aos 12 anos, um problema no joelho a afastou do esporte, e só aos 15 conseguiu voltar a praticar futebol. Foi na Escolinha do Carioca, onde havia dados os primeiros chutes ainda criança.
Pouco depois, Beatriz ingressou no Instituto Federal Catarinense, onde passou a estudar em tempo integral. Logo, reuniu algumas colegas e montou um time de futsal feminino, que venceu os Jogos da Primavera. E também um campeonato que reúne todos os IFCs do Brasil, onde terminaram em terceiro lugar.
Um vídeo mudou sua vida
Ainda em Blumenau, a quadra do Central Soccer também reunia grupos de mulheres uma vez por semana, onde Beatriz se tornou presença constante. O empresário Carlos Tatai, proprietário do complexo esportivo, costumava filmar alguns desses jogos e logo reuniu imagens com os melhores momentos de Beatriz em quadra.
Em 2023, Beatriz enviou esses vídeos para o empresário brasileiro Rodrigo Cruz, fundador e CEO do Atletico Atlanta, clube semi-profissional da quarta divisão dos Estados Unidos. Em 2020, o clube foi campeão nacional invicto.
Cruz gostou do que viu nos vídeos de Beatriz e levou a garota para o Colégio Barton. No Kansas, seu time venceu a Conferência Divisão 1, e ficou em segundo lugar nos Jogos Regionais Divisão 1, conquistando vaga para disputar os Nationals, que reúne os melhores colégios americanos.
Em 2024, mesmo sem nenhum título, Beatriz entrou numa seleta lista das principais atacantes, com nove gols e duas assistências. Seu nome foi escrito em algumas reportagens nos sites locais que cobrem esportes e logo surgiram diversos convites de instituições como a Universidade do Colorado e Universidade NAIA (National Association of Intercollegiate Athletics), do Arizona. No entanto, sua escolha deve ser por uma universidade de Atlanta, na Geórgia, onde ela já está residindo.
Beatriz é filha da ex-vereadora Lucelma Damásio Baldi, natural de Joaçaba e técnica de enfermagem. Na eleição de 2020, Lucelma ficou de suplente na Câmara Municipal.
Torcedora do Grêmio, Beatriz mantém seu sonho de ser atleta profissional no Brasil, de preferência no clube do seu coração. Mas o competitivo mercado americano e até mesmo a Europa parecem abrir suas portas e se render ao talento da menina das quadras de areia da Vila Jansen.