Classificada como zoonose – doença transmitida de animais para humanos, ou de humanos para os animais – a espotricose tem crescido no Brasil, além de casos registrados também na Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. Estudos divulgados na semana passada durante o 23º Congresso Brasileiro de Infectologia, ocorrido em Salvador, na Bahia, comprovam que atualmente, em 90% dos casos a doença tem sido transmitida unicamente por gatos.
A esporotricose é uma micose que provoca lesões na pele, por conta de um fungo chamado Sporothrix brasiliensis, que também pode ser encontrado em plantas, palhas, fragmentos de vegetais e fibras, vitimando agricultores e demais trabalhadores rurais. Embora não seja considerada uma doença grave, a falta de tratamento adequado pode comprometer o organismo e levar o paciente à morte.
Nos últimos 10 anos, o número de casos no Brasil cresceu 162%. Só no Rio de Janeiro, foram registrados 579 pacientes em 2013 e 1.518 em 2022, de acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Mas não há exatidão nesses números, já que a esporotricose não é uma doença de notificação compulsória.
Cães e gatos também podem desenvolver a enfermidade, mas somente os felinos infectam os humanos, por meio de arranhões, mordidas ou gotículas de espirro. O principal sintoma são as feridas que não cicatrizam e ainda aumentam de tamanho, no geral nas mãos, pés, abdômen e rosto.
Os especialistas alertam que é preciso uma atenção especial com as crianças, que geralmente têm mais contato com os gatos. E justamente nos pequenos o tratamento da esporotricose é mais delicado, pois as doses das medicações variam com o peso e existem poucas opções no mercado.
Os médicos veterinários alertam que o perigo são os gatos de rua, ou mesmo os pets semi-domiciliados – os que costumam dar escapadinhas mas sempre voltam para casa. No caso dos chamados “gatos de apartamento”, que nunca saem de casa, a possibilidade de contaminação é zero.
Ainda que sejam transmissores da esporotricose para humanos, os bichos são tão vítimas quanto nós. Para que eles também não sejam contaminados, o melhor é cuidar para que não saiam de casa. Uma das principais orientações de veterinários é não beijar gatos de rua, para a segurança da própria pessoa.