
Nesta quarta-feira (6), entrou em vigor a tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros. Ou seja, afeta 95 categorias de produtos somando mais de 3,8 mil itens específicos. O aumento nas tarifas, imposto pelo governo do presidente americano Donald Trump, causa um forte impacto em diversos setores.
O que acontece agora?
A sobretaxa começou a valer para produtos embarcados a partir da 01h01 (horário de Brasília) desta quarta-feira, seguindo a regra do horário de verão da costa leste dos EUA. Essa diferença de fuso horário dá uma pequena janela de tempo para as empresas brasileiras.
Além disso, as cargas embarcadas no Brasil até sete dias após o decreto de 30 de julho também estão livres da tarifa adicional, desde que cheguem aos EUA até 5 de outubro. Mercadorias já armazenadas em território americano também escapam do aumento, mas precisam ser retiradas para consumo até a mesma data.
Impacto do tarifaço nos setores brasileiros
O Brasil recebeu a maior sobretaxa, um adicional de 40% sobre a tarifa extra de 10% já anunciada em abril. No entanto, 694 produtos brasileiros, como suco de laranja e aviões, foram excluídos da lista, o que representa 45% das exportações do Brasil para os EUA.
O setor de carne bovina é um dos mais afetados. A nova tarifa se soma a outras já existentes, elevando a carga tributária total para mais de 76%, o que compromete a viabilidade das exportações para o mercado americano. Os Estados Unidos são o segundo principal destino da carne brasileira.
O café também sentirá o impacto, já que cerca de 30% das importações americanas do produto vinham do Brasil. Por outro lado, a China habilitou 183 exportadores brasileiros de café, o que pode compensar parte das perdas.
Vale ressaltar que a dependência brasileira dos EUA nas exportações diminuiu significativamente, passando de 25% para 12% entre 2002 e 2025. Atualmente, a China é o principal destino das vendas externas do Brasil, com 28% do total.
Negociações e futuro
O governo brasileiro elabora um plano de contingência para proteger a economia. Portanto, entre as medidas estão:
- Negociar com o governo americano para reduzir ou excluir produtos da lista.
- Abrir novos mercados em outros países.
- Oferecer crédito subsidiado aos exportadores prejudicados.
- Proteger a produção nacional com compras governamentais.
- Usar programas temporários de renúncia fiscal.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aguarda o aval do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, para iniciar as conversas. Segundo Haddad, “o Brasil nunca saiu da mesa de negociação”. O ministro também mencionou a intenção de preparar o terreno antes que o presidente Lula converse com Trump.
Lula, por sua vez, afirmou que não vai ligar para o presidente americano para tratar da sobretaxa. Ele disse, no entanto, que deve telefonar para convidá-lo para a COP30, que acontecerá em Belém em novembro. “Quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar”, declarou o presidente.