
As exportações da indústria catarinense que abastecem o mercado nos Estados Unidos têm potencial de crescimento, mesmo com novas tarifas impostas aos produtos brasileiros. De acordo com a Fiesc – Federação das Indústrias de SC – os EUA são o principal destino das exportações de Santa Catarina. E esse relacionamento comercial, dessa forma, favorece a substituição de importações chinesas por produtos catarinenses em setores relevantes para a pauta exportadora do estado.
O trabalho identificou que as exportações de SC de itens similares aos que os chineses vendem para os Estados Unidos somaram US$ 488 milhões em 2023. “Entre os principais setores que poderiam ocupar o espaço deixado pela falta de competitividade de preços chineses dado o aumento de tarifas estão o de equipamentos elétricos. E também máquinas e equipamentos, têxtil, confecções e calçados e produtos de madeira. Que além disso representam uma parcela relevante da atual pauta de exportações do estado”, explica o coordenador do estudo, o economista Marcelo de Albuquerque.
Hoje, as tarifas norte-americanas sobre produtos chineses são superiores às impostas ao Brasil. O que poderia também fomentar novos negócios entre Brasil e China para viabilizar exportações a partir do território brasileiro. “As oportunidades também podem incluir parcerias estratégicas com empresas chinesas para contornar o impacto tarifário”, afirma o economista.
Invasão de chineses
Por outro lado, o trabalho identificou também a possibilidade de direcionamento do excedente chinês ao mercado brasileiro e catarinense. Levando em conta a tarifa máxima já aplicada pelos EUA à China, que chegou a alcançar 145%.
Dessa forma, o estudo da FIESC aponta que o país poderia receber US$ 7,46 bilhões em novos produtos chineses entrando no mercado brasileiro – o que corresponde a 2,84% das compras externas do país, considerando o cenário extremo de tarifas.
Santa Catarina estaria exposta a uma entrada de até US$ 1,33 bilhão de produtos chineses neste contexto. De acordo com Albuquerque, os segmentos mais vulneráveis seriam: produtos químicos e plásticos, equipamentos elétricos, indústria diversa – que inclui a fabricação de produtos médicos, ópticos e brinquedos, por exemplo -, máquinas e equipamentos e também o setor têxtil, de confecções, calçados e acessórios. A projeção foi obtida a partir da participação de Santa Catarina sobre a pauta importadora desses produtos no Brasil.
“A consolidação desse cenário de tarifas extremas sobre a China projeta um aumento da competição no mercado doméstico e entradas de mais insumos para o setor industrial”, explica o coordenador do estudo da FIESC.
Novos destinos às exportações
O trabalho desenvolvido na FIESC aponta que o Japão será o país mais afetado pela invasão de produtos excedentes chineses nesse contexto, seguido pela Alemanha e Reino Unido. O Brasil seria o 23º país na lista dos que seriam mais impactados pelo redirecionamento das exportações da China.
Sobre o estudo
Para identificar o desvio de comércio e transbordamento do excedente Chinês para outros países, o estudo da FIESC levou conta as seguintes premissas:
- * Tarifas de 145% impostas pelos EUA à China
- * Volume atual de importações de produtos chineses pelos EUA
- * O PIB dos demais países, representando o tamanho do mercado consumidor potencial
- * Tarifas aplicadas a cada um dos demais países
- * Volumes de importação de produtos similares por outros países