Região Santa Catarina

Região Sul é a mais afetada pelo tarifaço e estados correm para mitigar impactos

Cerca de 94% das exportadoras catarinenses preveem queda na receita

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Região Sul é a mais afetada pelo tarifaço e estados correm para mitigar impactos
Foto: divulgação

A Região Sul do Brasil segue como a mais afetada pelo tarifaço aqplicado pels Estados Unidos. Mesmo após o anúncio da lista de isenção para quase 700 setores. Depois de São Paulo, os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina são, respectivamente, os mais prejudicados com a nova taxação que entra em vigor na próxima quarta-feira (6). Dessa forma, a corrida agora é para atenuar os impactos do tarifaço.

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Em Santa Catarina, 94% das empresas exportadoras preveem queda na receita, sendo que 51% delas estimam que a perda do faturamento será superior a 30%. Além disso, 69% das indústrias já registraram recuo no volume de pedidos feitos pelos importadores norte-americanos. O reflexo nos empregos também é claro: 72,1% das indústrias estimam demissões.

Na última sexta-feira, dia 1°, as Federações da Indústria de Santa Catarina (Fiesc) e do Rio Grande do Sul (Fiergs) apresentaram os números do impacto para quem exporta para os Estados Unidos. E também as estratégias propostas para mitigar o desemprego e disparada da inflação no Brasil. Dessa forma, a Federação do Paraná (Fiep) encaminhou recentemente à Secretaria de Estado da Fazenda um documento sugerindo uma série de medidas tributárias e trabalhistas.

Embarques suspensos para 53% das empresas

“A pesquisa catarinense mostra que as perspectivas do setor para os próximos seis meses são de um cenário de redução de pedidos, demissões e recuo significativo no faturamento, demandando uma ação rápida e assertiva do poder público, de forma a preservar empregos e a nossa economia”, resume Mario Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc.

Além de pedidos em queda, 53,84% das empresas se sentiram na obrigação de suspender embarques. Os clientes norte-americanos pediram renegociação de preços para 38,46% das indústrias e 17,7% delas já deram férias coletivas aos trabalhadores. “O fator positivo é que 61,4% das indústrias já estão prospectando novos mercados internacionais, de forma a reduzir sua exposição aos Estados Unidos”, explica Pablo Bittencourt, economista-chefe da Fiesc.

Apenas 27,9% das exportadoras não preveem demissões como consequência das tarifas. Das indústrias que estimam demissões, 29,5% projetam cortes de mais de 30% dos empregados, enquanto 22,5% estimam demitir entre 10 e 20%. Já 21,7% das indústrias afirmam que a expectativa é demitir até 10% da equipe nos próximos 6 meses se as tarifas continuarem em 50%.

Tarifaço do Trump

De forma geral, os principais produtos da pauta exportadora de Santa Catarina não estão na lista de produtos isentos. A presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc, Maria Teresa Bustamante, explica, no entanto, que a situação dos exportadores de SC deve ser avaliada caso a caso, considerando a longa lista de exceções. “Os produtos de madeira e derivados, como móveis, que lideram as exportações catarinenses para os Estados Unidos, estão sob investigação pela seção 232. Até o fim da investigação, essas mercadorias seguem sendo tarifadas com alíquotas anteriores ao anúncio do  tarifaço”, explica.

Já o segmento de veículos e autopeças, segundo na lista dos principais produtos, tem taxa fixada em 25%, a mesma para todos os países do mundo, explica Maitê Bustamante. Não haverá sobretaxa de 50% ao setor.

No Rio Grande do Sul, 86% das exportações serão afetadas, mesmo após a divulgação da lista de beneficiados. Cerca de 1,1 mil indústrias exportam para os EUA, o que representa 10% do total nacional. Essa dependência tem impactos diretos no mercado de trabalho: os segmentos mais expostos empregam 145 mil pessoas, 21,2% da indústria de transformação gaúcha. Uma estimativa preliminar aponta que mais de 20 mil postos de trabalho possam ser perdidos no estado. Embora a nova política liste 694 itens isentos da nova tarifa, apenas 14,3% das exportações industriais gaúchas se beneficiam dessas exclusões.

No Paraná, um dos segmentos mais afetados é o da madeira, já que as vendas para os norte-americanos representam mais de 98% do total da produção dessas empresas. Somente este setor responde por quase 40% das vendas paranaenses para os EUA. Em 2024, o estado exportou cerca de US$ 1,58 bilhão ao Tio Sam.

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