Dos 52 milhões de empreendedores que existem atualmente no Brasil, 32 milhões deles são mulheres, segundo o Sebrae. Além de conciliar múltiplos papéis, como o da maternidade por exemplo, elas ainda precisam, muitas vezes, furar a bolha de áreas predominantemente masculinas.
Nesta terça-feira (19), no Dia do Empreendedorismo Feminino, empreendedoras de diferentes áreas compartilham suas experiências à frente dos negócios. Dessa forma, confira abaixo alguns exemplos de mulheres bem-sucedidas, que assumiram a responsabilidade de administrar empresas.
Mulheres na tecnologia e na construção
Adriana Bombassaro iniciou sua carreira em um ambiente predominantemente masculino. Formada em Ciências da Computação, formou carreira na área de TI, onde iniciou como estagiária e galgou o posto de diretora. Foram mais de 20 anos de carreira executiva até decidir empreender.
“Nos últimos anos, como sócia da FastBuilt, tenho lidado com os desafios de conciliar a rotina, liderar as pessoas e tirar o melhor de cada um. Além de mostrar minha competência num ambiente majoritariamente masculino e conquistar a confiança do mercado. Já fazia isso na carreira corporativa e sinto que isso se intensifica no empreendedorismo. A parte positiva é que tenho ótimas pessoas ao meu lado, que me permitem não centralizar decisões e delegar tarefas. Não é nada fácil, mas empreender também nos dá mais liberdade para fazer o que acreditamos e também ter nossa família por perto”, destaca a executiva.
Na indústria
Sheila Censi, à frente da Censi, indústria que desenvolve tecnologia para otimização de processos da indústria e serviços, reforça que ser uma mulher empreendedora na indústria tem sido uma jornada desafiadora e gratificante.
“Ao longo dos anos, aprendi que o empreendedorismo feminino vai muito além de abrir negócios. Trata-se de abrir portas para outras mulheres, criar oportunidades e transformar o mercado. A maternidade e o feminino adicionam camadas de profundidade e cuidado ao mundo dos negócios. A capacidade de equilibrar vida profissional e pessoal, e a sensibilidade para perceber as necessidades dos clientes e colaboradores, são atributos valiosos que fortalecem o tecido empresarial. Acredito no poder transformador do protagonismo feminino. E estou comprometida em continuar trabalhando para que mais mulheres possam compartilhar suas histórias e inspirar futuras gerações”, reforça.
Na consultoria e contabilidade
Mariane Pereira e Amanda Bonanomi se conheceram quando atuaram juntas em um escritório de contabilidade. Desde então, tinham o sonho de empreender juntas, o que se concretizou no início de 2021, quando abriram a Bonanza Consultoria.
“Acredito que o maior desafio para uma mulher que empreende é justamente mostrar que ela tem a competência. Além de visão para atuar na linha de frente de negócios e na administração de empresas. Vejo que as mulheres precisam sempre se esforçar o dobro para provar a sua competência e driblar julgamentos que vão além da sua entrega profissional, como a sua aparência, por exemplo. Mesmo com esses desafios, é muito bom empreender porque me traz a sensação de independência”, detalha Amanda.
Mariane complementa: “O setor da contabilidade é bastante machista e entendo que a necessidade da mulher precisar equilibrar com maestria todas as suas responsabilidades a qualquer custo é o que mais pesa na balança quando falamos de liderança feminina, de modo geral”.
Na gastronomia
A chef de cozinha Camila Burschinski é proprietária do Rota da Truta, restaurante de sequência de trutas de Pomerode, que recentemente iniciou o processo de expansão com franquias. Para ela, o maior desafio do empreendedorismo é conciliar vida pessoal e profissional, já que seis dias da semana está no restaurante, incluindo os finais de semana.
“Mas também tive muito aprendizado enquanto ser humano. Eu era muito tímida, e agora acabo falando com muitas pessoas e trabalhar com o público me ajudou a ter mais desenvoltura nisso. Além disso, acredito que as mulheres em cargos de liderança trazem evolução para a sociedade como um todo”, avalia.
Ionita Lunelli, gerente regional do Sebrae Vale, reforça a importância do apoio familiar e de instituições de fomento ao empreendedorismo feminino, como o programa de aceleração de negócios Sebrae Delas.
“Uma pesquisa realizada pelo Sebrae em 2023 apontou que 76% das mulheres se sentem sobrecarregadas ao tentar equilibrar família e empresa, em comparação com 55% dos homens. Isso acontece porque, de acordo com a própria pesquisa, as mulheres empregam muito mais tempo em atividades domésticas e cuidado com a família. Mas apesar dos desafios, o empreendedorismo feminino pode ser libertador, e, para além de uma forma de sustento, pode ser a porta de entrada de uma grande realização pessoal”, conclui.