Um projeto que tramita na Câmara Municipal de Vereadores de Florianópolis pretende alterar o nome da Praça Getúlio Vargas. Conhecida como Praça dos Bombeiros, ela fica no coração da Capital. Caso seja aprovado, a praça vai passar a se chamar Alferes Joaquim Antonio de São Tiago. Em outras palavras, uma homenagem ao professor e dramaturgo catarinense que viveu na Capital entre o final do século 19 e o início do século 20.
Na praça, situada na extensão da rua Visconde do Ouro Preto, estão historicamente sediados os prédios do Comando Geral da Polícia Militar e também dos Bombeiros. Os dois há mais de um século funcionam lado a lado.
Foi a própria Polícia Militar que solicitou a mudança no nome da praça, no projeto apresentado pelo vereador Diácono Ricardo (PSD). Diácono, que não foi reeleito, espera aprovar essa ideia como seu último ato no cargo, que deixará em 31 de dezembro.
Além da solicitação por escrito apresentada pela PMSC, Diácono também anexou ao projeto um abaixo-assinado reiterando o pedido. Na justificativa ao projeto, Diácono salienta que Joaquim Antonio de São Tiago foi um “personagem de relevância para a memória local e nacional. Cuja trajetoria de vida reflete valores de bravura, honra e dedicação à pátria”.
Afinal, quem foi São Tiago?
Joaquim Antônio de São Tiago nasceu em Florianópolis no período em que a Capital Catarinense ainda se chamava Desterro, em 25 de outubro de 1857. Foi jornalista, professor, dramaturgo e político, com destaque como divulgador do espiritismo em Santa Catarina. Em 1895, fundou o primeiro Centro Espírita do estado, entidade que presidiu até 1916. Também era irmão do ex-vice-governador Polidoro Olavo de São Tiago.
Em 1886, ingressou como professor nas escolas públicas, profissão que manteve também até 1916, com dedicação ao ensino da moral nos corações de seus alunos. Foi autor de várias peças teatrais, escrevendo dramas de cunho moral que muito influenciaram os catarinenses de sua época, como A Orfã e A Enjeitada.
Em 1891, foi eleito para compor a Assembleia Constituinte daquele ano. Em 1910, o Conselho superior da Instrução Pública de Santa Catarina – o que equivaleria à Secretaria de Educação do Estado – autorizou Sao Thiago a publicar seu livro didático “Pequenas Lições de Moral Christã”, para uso nas escolas primárias do estado.
Na Academia Catarinense de Letras, ocupou a cadeira 19 e se tornou patrono da entidade. Além disso, São Thiago utilizava sempre a imprensa local para divulgar aos leitores os princípios espíritas. Mas também recorreu à publicação de folhetos. No último deles, em 25 de agosto de 1916, dois meses antes da sua morte, defendeu a doutrina espírita contra os ataques de um sacerdote da Igreja Católica.
São Thiago morreu em São Francisco do Sul, no dia 5 de outubro de 1916, aos 59 anos.
A História da Praça que tem 188 anos
Inaugurada em 1906, a Praça Getúlio Vargas é a segunda mais importante de Florianópolis, depois da Praça XV de Novembro. Além disso, no entanto, a praça só ganhou o nome de Getúlio Vargas em 12 de março de 1940. Foi quando o então presidente da república visitou Florianópolis e recebeu a homenagem.
Na praça, também está o primeiro monumento em Santa Catarina para a heroína Anita Garibaldi, construído em 1919, 70 anos após a sua morte, ocorrida em 1849.
O presidente Getúlio Vargas também é homenageado, com a reprodução da carta-testamento (ilegível), documento manuscrito endereçado ao povo brasileiro horas antes de seu suicídio, em 24 de agosto de 1954. Até 2018, a réplica da carta em bronze estava anexada na parede externa do pequeno quiosque junto à Avenida Rio Branco. A placa estava fixada na parte de baixo, próximo ao chão, onde passava despercebida pelos frequentadores da praça. Além disso, uma reforma ocorrida naquele ano retirou a placa daquele local e a reinstalou num pequeno púlpito, dentro do jardim, num dos acessos da praça aos pedestres.
Na praça que originalmente era chamada de “Largo Municipal”, também está o busto de Carl Hoepcke, um dos mais importantes empresários de Florianópolis, falecido em 1924.
Também está ali o busto do médico e político Antônio Vicente Bulcão Vianna, morto em 1940, avó do ex-prefeito Antônio Henrique Bulcão Vianna, falecido em 2007.
O jardim central da praça, que conta com o único chafariz do Centro da Capital, fica em frente ao Comando da Polícia Militar. Além disso, o jardim tem o nome oficial do ex-governador Gustavo Richard, que administrou o Estado entre 1906 e 1910.
Por fim, o parquinho infantil da Praça recebeu o nome ‘Dona Tilinha’, para lembrar de Atília Tolentino de Souza, mulher do ex-prefeito Paulo Vieira da Rosa (1964-1966).