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Morre em Balneário Camboriú o 1º palhaço Bozo da TV brasileira

Wanderley Tribeck, o Wandeko Pipoca, tinha 73 anos

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Morre em Balneário Camboriú o 1º palhaço Bozo da TV brasileira
Fotos: divulgação

Morreu na noite desta terça-feira (18) em Balneário Camboriú aos 73 anos o ator Wanderley Tribeck, conhecido como Wandeko Pipoca, o primeiro Palhaço Bozo da televisão brasileira. Wandeko sofreu um infarto pela manhã e foi levado por uma ambulância do Samu para o Hospital Ruth Cardoso, onde faleceu às 23h.

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Gaúcho de Vacaria, Wandeko foi para São Paulo no final dos anos 1970 para tentar participar de shows de calouros, apresentações muito comuns nas emissoras de televisão da época. Em 1980, assim que o apresentador e empresário Silvio Santos adquiriu a TV Tupi, transformando-a em TVS (hoje SBT), Wandeko recebeu uma ligação do cantor Ary Sanches, que trabalhava na então TVS.

O convite era para um teste para o personagem Bozo. Larry Harmon, dono dos direitos autorais do Bozo, aprovou Wandeko, que foi contratado no mesmo ano, desbancando adversários consagrados, como Moacyr Franco.

Wandeko comandou e apresentou até 1982 o programa infantil Bozo. Depois, desentendeu-se com a direção e saiu da emissora de Silvio Santos, por não concordar em fazer as gincanas por telefone.

Wanderley tinha fama de malandro e marrento nos bastidores, não decorava textos e falava palavrões fora do ar. Gravou um disco e um compacto como Bozo. O LP rendeu um disco de ouro e outro de Platina.

Em 1982, após o nascimento de sua filha, saiu do hospital maquiado e foi dirigindo para gravar o programa. Anos mais tarde, afirmou que na época tinha o maior salário da TV brasileira e recebia em dólares.

A Turma da Pipoca

Após esse desentendimento com Silvio Santos em 1982, foi substituído no papel de Bozo por Luís Ricardo. Em 1983, Wandeko foi contratado pela TV Gazeta, que  investiu no projeto de levar o mundo circense para à televisão, com o programa “A Turma da Pipoca”.

Em busca de conseguir personagens palhaços para acompanhar Bozo, um concurso acabou definindo a dupla Eduardo dos Reis e Carlos Alberto de Oliveira, respectivamente o Atchim e o Espirro.

Com o desentendimento de Wandeko Pipoka com a direção da TV Gazeta e o sucesso que a dupla de palhaços vinha fazendo em suas esquetes no ar, a direção entregou a Atchim e Espirro um novo programa, nascendo assim o Brincando na Paulista em 1985. Wandeko também foi apresentador dos infantis de várias emissoras, depois que passou pelo SBT e pela Gazeta, como o Palhaço Pipo na Band.

Depressão, drogas e conversão

Com a oscilação na carreira, Wanderlei acabou entrando em depressão, se tornou usuário de drogas e perdeu tudo, chegando a viver em situação de rua em Balneário Camboriú. Tempos depois, se converteu evangélico em 2000.

Ainda em Balneário Camboriú, Wanderlei montou o restaurante Ex-Petinho do Wandeko, que durou 12 anos. Em 2010, foi candidato a deputado federal em Santa Catarina. Em 2014, trabalhou como comerciante em uma loja de roupas em Balneário Camboriú.

O filme brasileiro “Bingo, o Rei das Manhãs”, inspirado no palhaço Bozo e protagonizado por Wladmir Brichta, não retratou a vida de Wanderley, mas sim de Arlindo Barreto, outro entre tantos atores que vestiram o personagem nos últimos 40 anos.

Em 1991, o extinto jornal Diário Popular chegou às bancas com a manchete “A maldição do Bozo”. A reportagem de capa do jornal enumerava uma série de doenças, problemas e acidentes sofridos por atores que, na década de 1980, deram corpo ao palhaço mais famoso do Brasil.

A última aparição do personagem Bozo na TV foi em 2 de março de 1991, quando os direitos de licenciamento expiraram e não foram renovados devido aos altos custos. O ator Décio Roberto, último intérprete do palhaço, morreu em 2 de novembro do mesmo ano, vítima de broncopneumonia.