“Cuidar da terra e da natureza para elas cuidarem da gente”, afirma Lorenzo, sete anos, de Minas Gerais, durante a produção do filme “A árvore dos desejos e a máquina do tempo”. Uma produção da Usina da Imaginação e Flor do Vento Produções.
Já Violeta, da mesma idade, naquela ocasião construiu uma máquina do tempo para voltar ao passado. E também mudar a história da relação com os indígenas e rever seu querido avô, recentemente falecido.
Esse e outros documentários são parte do MIMUS: Múltiplas infâncias, Múltiplos saberes, sobre a primeira infância. Além disso, o evento online e gratuito acontece até esta quinta-feira (28). Sempre a partir das 19h pelo Youtube da Usina da Imaginação.
O evento exibirá filmes e terá a participação das crianças, que irão trazer uma perspectiva própria sobre as infâncias e ser criança. Além disso, haverá ainda conversas com mulheres e lideranças de diferentes culturas brasileiras.
Com especial presença de negros e indígenas do Sul do Brasil. Na intenção de mostrar a beleza, a potência e as dificuldades desses povos na sua jornada diária do cuidado.
Participam desta edição as catarinenses Adrielly da Costa, sete anos, moradora da Palhoça, Rainha de bateria mirim na Nação Guarani e Passista Mirim na Império Vermelho e Branco de Florianópolis. Da mesma forma, Rayane Ayhu, 11 anos, da Terra Indígena Laklãnõ-Xokleng, atuante no grupo cultural Juventude Xokleng, falando das suas experiências e alegria em ser criança indigena.
Programação com olhar atento para os povos do Sul
Lorenzo Duarte Tacitano, sete anos, representa Minas Gerais e Juldenilson Neto, 11 anos, Brasília. Ele participou do filme LivreMente, refletindo sobre a importância do brincar como forma de resistência ao excesso das telas. Além disso, Violeta Pedrosa Mattisen, sete anos, é do interior de São Paulo e contribuiu com suas ideias brilhantes sobre como construir um mundo melhor. As crianças terão destaque no MIMUS no terceiro dia.
O MIMUS tem como tema “Territórios do cuidar: Cuidar da natureza, da cultura, de si e das infâncias”. E reúne representantes de diferentes povos e territórios do Brasil. Além disso, em 2022, houve uma edição especial para os povos de Roraima e outra para os povos do Maranhão. Esse ano, o destaque vai para a diversidade cultural do Sul do Brasil.
Estão entre as convidadas:
- Vanessa Neres – jovem Kaingang da Terra Indígena Mangueirinha (Paraná), mãe da Goj Tej, estudante de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Além disso, é escritora, roteirista e produtora, coordena a comunicação na Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul). E assessora o Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena da Região Sul (DSEIISUL).
- Silvana Mindua Verissimo – Guarani, professora de educação infantil no espaço de convivência Kyringue Arandu, TI Biguaçu – Santa Catarina. Além disso é formada em Magistério Indigena e em gestão ambiental no curso de Licenciatura Indigena na UFSC. E mestre em Educação e Infância pela UFSC.
- Solange Adão – moradora de Florianópolis, atriz, multiartista, professora de Artes com Pós-Graduação pela União Educacional de Cascavel. Além disso é empreendedora na Feira Afro, Solange Adão é filha de Iansã e mãe de Lorran.
- Txulunh Natieli Favenh Gakran – de Bela Vista, Ibirama – Santa Catarina, é uma jovem liderança à frente da Organização da Juventude Indígena Xokleng. Além disso é mulher raiz da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e assessora parlamentar. Pesquisadora de fibras naturais e mãe da Kagklozál e Ulolo.
Representantes do Norte
Além disso, o MIMUS terá a participação de representantes de Distrito Federal, Amazonas e Rondônia. Confira:
Samela Sateré-Mawé, jovem indígena, mãe, Bióloga, ativista Ambiental e comunicadora associada da APIB, da Amazônia Real e da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga).
Cyane Castro Kohn, filha de Maria das Dores Marques Castro e Mestre Castro, de São Luís – Maranhão. Além disso é coreira, artista, dançarina e educadora, compartilha esses saberes ancestrais ao lado do seu pai, por 20 anos morou em Manaus – AM, através do Grupo de Tambor de Crioulo. Criou recentemente o Tambores Curumins em SC, para brincar no tambor com as crianças.
Marciely Ayap Tupari, jovem do povo Tupari, Rio Branco, no Acre. Mãe, Secretária da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Departamento de Mulheres da Associação Indígena Wãypa e REBIO Guaporé. Além disso, é Vice-coordenadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia e membra da Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR).
Infâncias e a natureza
Nesta edição, considerando o contexto de mudanças e desafios climáticos, o evento aborda a interconexão entre a natureza, a cultura e o ato de cuidar e ser cuidado para o bem viver. Da mesma forma, traz diferentes experiências com as infâncias e as conexões que a sustentam nos diferentes biomas do Brasil e reflete como o ambiente natural, cultural, comunitário e afetivo influenciam o desenvolvimento infantil desde os primeiros anos de vida.
“O MIMUS busca trazer e valorizar os saberes construídos por diferentes grupos em diferentes gerações nos seus territórios”, explica Rita Oenning da Silva, da Usina da Imaginação.
O evento é produzido pela Usina da Imaginação e Flor do Vento e idealizado e com a curadoria da antropóloga e artista Rita Oenning da Silva, em diálogo com Kurt Shaw e representantes de diferentes culturas.
Desde 2021 celebrando a diversidade e a participação das crianças
Realizado desde 2021, o MIMUS é uma celebração da diversidade e das riquezas que emergem do encontro entre culturas e grupos distintos, inspirando o debate em prol de políticas públicas mais inclusivas para o cuidado e as infâncias e o respeito à diversidade.
Um dos propósitos do MIMUS e da Usina da Imaginação, dirigida por Kurt Shaw e Rita Oenning da Silva, é valorizar o protagonismo das crianças, uma vez que a participação delas em diferentes instâncias de tomadas de decisão é fundamental para criar um mundo mais justo e mais inclusivo.
Há muitos anos, Rita e Kurt têm criado espaços de diálogo e de produção criativa com as crianças sobre temas diversos, ativando sua imaginação, reflexões e a criatividade, trazendo a importância da participação dessas em espaços políticos e de tomadas de decisões para melhorias em políticas públicas direcionadas a elas.
“Crianças são produtores de cultura e capazes de influir brilhantemente em mudanças em temas complexos. Assim nasceram os filmes que serão mostrados no MIMUS 2024, que contará com a participação e o debate de crianças que os ajudaram a construir”, reflete Rita.
Mostra de curtas da Série MIMUS
26/11
Prá todo mundo (doc, 2024, 3:52)
O Útero é o mundo (Doc, 2023, 6:53)
Infância festiva: ancestralidade negra em SC (Doc, 2024, 7:57)
27/11
Me Sinto Voando (Doc, 2024, 2:22)
As Mãos mágicas e a Panela dos índios do mato (Doc, 2023, 4:16)
Cuidar-se com a Mãe Terra (Doc, 2024, 4:54)
28/11
LivreMente (Doc, 2024, 11:13)
É legal ser indígena (Doc, 2023, 2:22)
A árvore dos desejos e a Máquina do tempo (Doc, 2024, 7:15)
Além desses curtas, será lançado o Cine Flor da Imaginação e o catálogo de filmes, com possibilidade de parcerias para interessados em fazer mostras gratuitas em Cineclubes, associações e outros espaços culturais.
As inscrições estão abertas e são necessárias para recebimento de certificado. Saiba mais em https://mimus.usinadaimaginacao.org/.