PT: crise no Partido dos Trabalhadores de Santa Catarina

A direção estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) se reuniu no sábado para fazer uma avaliação do ano e das eleições. Segundo fontes que participaram do encontro, a reunião foi tensa, marcada por muitas críticas à condução do partido.

A leitura predominante é que o presidente estadual, Décio Lima, sai fragilizado e sem condições de permanecer no comando. Ele tem recebido críticas por querer acumular a direção do PT com a presidência nacional do Sebrae, situação que teria atrapalhado o partido.

Também há o entendimento de que Lima deseja se manter no comando para disputar, mais uma vez, o Governo do Estado, como forma de pleitear algum cargo federal a partir de 2027, caso o presidente Lula seja reeleito. “Ou ele vai tentar a recondução ou buscará eleger alguém que seja próximo, como forma de ter o poder de impor uma candidatura”, afirmou uma das fontes.

Décio é apontado como o responsável pelo insucesso petista na tentativa de construir algumas alianças. O entendimento é que, ao colocar Vitor Silveira, que não conseguiu se eleger vereador em Florianópolis e que não tem peso político, agravou o isolamento do PT em grandes cidades.

Lideranças petistas entendem que tem sido difícil qualquer aproximação com grandes partidos, mas que a falta de interlocutores com peso político para falar pelo PT dificultou ainda mais o distanciamento. Segundo relatos, um sinal de que o grupo ligado a Décio sentiu que ele está enfraquecido foi o gesto de substituir alguns nomes do diretório de forma unilateral.

Dois dos nomes retirados são críticos de Lima: uma é a presidente da CUT, e o outro é o presidente da Federação dos Comerciários. A questão é que as trocas precisam ser referendadas pelo diretório, e já há uma possibilidade de questionamento judicial da decisão. Outro ponto crítico foi a distribuição do fundo eleitoral, que deixou muitos insatisfeitos.

Dois dos discursos mais fortes foram da deputada estadual Luciane Carminatti e do deputado federal Pedro Uczai, adversário de Lima no partido. Mesmo fazendo críticas, Uczai, ao final de sua fala, pediu que o PT se una. Carminatti e o próprio Uczai são vistos com bons olhos por lideranças como possíveis próximos presidentes do partido no estado.

Constrangimento

Durante o encontro petista, quando chegou a vez da deputada estadual Luciane Carminatti falar, o presidente estadual Décio Lima, sabedor de que ela faria uma crítica à condução do partido, aproveitou a chegada de Edinho Silva — apoiado pelo presidente Lula para presidir o partido nacionalmente — e disse: “Vamos passar para a Luciane que o Edinho está aí e vai empoderar a sua fala”.

A parlamentar, no entanto, pegou o microfone e respondeu: “Eu não preciso de homem para empoderar a minha fala”, esquentando ainda mais o clima do encontro. A fala de Décio foi vista por alguns dos presentes como uma provocação.

Emenda para vereador

O presidente da Câmara de Vereadores de Chapecó, André Kovaleski (PL), quer um presente de final de ano para o Legislativo. Ele está tentando articular a aprovação de uma mudança na Lei Orgânica para criar emendas impositivas de R$ 1 milhão por ano para cada vereador. No total, seriam R$ 21 milhões anuais e R$ 84 milhões em quatro anos.

Eu tive acesso a um áudio enviado por Kovaleski aos demais vereadores. Ele diz que, se concordarem, poderão fazer a leitura do projeto hoje e votá-lo a toque de caixa amanhã ou quarta-feira. No Congresso e na Assembleia Legislativa, essas emendas se justificam, mas, em um município como Chapecó, não há qualquer justificativa plausível que dê sentido às emendas. E as entidades representativas do município, o que têm a dizer?

Salário dos servidores

O governador Jorginho Mello (PL) encomendou às secretarias de Estado da Administração e da Fazenda um estudo sobre a folha salarial do estado. A ideia é avaliar todos os setores. Não há garantia de aumento ou reajuste ainda neste ano, mas os levantamentos dos números estão sendo feitos.

Marcelo Lula é jornalista e radialista. Atuou em emissoras de rádio e jornais no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Atualmente, faz comentários na Condá FM de Chapecó e na Rede Guararema de Rádios.

O jornalista tem se destacado por furos de fatos de grande repercussão em Santa Catarina, além de matérias investigativas e revelações dos bastidores de importantes investigações e da política.